Dia do Cipeiro: Viva a luta por melhores condições de trabalho!
Para homenagear os cipeiros na categoria e todos aqueles que dedicam sua militância sindical em defesa da vida, o Sindicato comemora hoje o Dia do Cipeiro com uma plenária sobre Assédio no Trabalho. O evento será aberto com uma palestra de Maria Isabel Garcez Guirardi, doutora em psicologia social e do trabalho e professora do curso de terapia ocupacional da USP. Em seguida haverá um debate aberto. Participe, você é nosso convidado especial. A plenária começará às 18h no Centro de Formação Celso Daniel.
Assédio: O terrorismo no trabalho
O assédio está hoje entre as principais causas que provocam doenças e sofrimento relacionados ao trabalho.
Ele pode ser caracterizado de várias formas. As mais comuns são a violência psicológica e a humilhação.
A doutoura em psicologia Margarida Barreto afirma que o mais frequente é a humilhação de cima para baixo, de um chefe para um subordinado.
Segundo ela, o assédio encontrou ambiente propício para crescer com as transformações nos sistemas de gestão e produção. “Com a introdução de novas práticas de gestão, caracterizadas pela pressão exagerada, as marcas de personalidade dos agressores afloraram e tiveram um ambiente propício para se desenvolverem”, diz Margarida.
Junto a isso, Nilton Correia, da Comissão de Direitos Sociais da OAB, soma o desemprego e o excesso de poder nas empresas como cenário para que o assédio aconteça.
Caracterização
“O assédio é o cerco à figura humana”, define Rita Evaristo, coordenadora do Instituto Nacional de Saúde da CUT. “A vítima do assédio sente que chove nela num dia de sol”, compara Silvio Ribeiro, do Núcleo de Promoção da Igualdade da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo.
Muitas vezes, segundo o psicanalista Eduardo Losicer, o trabalhador acredita que a angústia e o estresse que sente fazem parte do sistema do trabalho. Não é assim, pois estas são manifestações clínicas do sofrimento que o assédio leva.
“As pessoas sabem que tem algo acontecendo, mas não sabem se é normal ou se é psiquiátrico, se é uma questão pessoal ou se tem algo o induzindo ao problema”, explicou.
Violência é praticada por chefes
Na sua tese de doutorado sobre assédio, Margarida Barreto entrevistou 42 mil trabalhadores de vários setores, na maior pesquisa do assunto feita no Brasil. Veja alguns números:
23% dos entrevistados sofreram algum tipo de violência psicológica ou humilhação no trabalho.
Dos agredidos, 63% são mulheres e 37% homens.
90% da violência é cometida por chefes.
As vítimas da violência perdem o ânimo, passam a ter problema de memória, de depressão e têm a sensação de enlouquecimento.