Dia Internacional da Mulher: Três olhares femininos sobre o mundo

Mulheres que vão à luta para mudar o mundo, para ajudar o próximo ou para construir uma vida em família.

“Precisamos ir além da casa e do casamento”

“Nunca esperei que as coisas viessem até mim. A gente não pode ter preguiça de ir além da nossa casa e do casamento, senão não conhecemos o mundo.

Moro em São Bernardo e trabalhei 11 anos na Rolls Royce, até 1988. Foi lá que conheci meu marido. Quando fiquei grávida preferi deixar a empresa para cuidar do meu filho, que hoje tem 19 anos.

Nesta vida fiz um pouco de tudo. Tive açougue, vendi e comprei automóveis, tive uma confecção durante três anos e hoje sou assessora parlamentar.

Antes eu não me importava com a política, mas depois entendi que é preciso termos participação social.

Em 2005 fiz o curso de Promotoras Legais Populares e agora estamos participando de palestras e seminários para divulgar a Lei Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica.

Não devemos esperar pelas coisas e sim ir atrás delas, cobrar. Acredito que se o movimento social não pressionar e cobrar, as mudanças que queremos não acontecerão”.

Sueli Aparecida Garcia de Freitas,47 anos, um filho

“Fazer o que gosta é fazer melhor”

“Nasci em Rio Tinto, na Paraíba, em família de seis filhos. Aos 10 anos, em 1969, viemos todos para São Paulo, pois a vida lá era difícil.

Para ajudar a família, com 14 anos fui trabalhar numa fábrica de fiação, depois fiquei 13 anos na Bombril. Casei e, em 1988, saí de lá para cuidar de meu primeiro filho.

Como tinha de ficar em casa, passei a fazer trabalhos temporários ou bicos como fabricar fraldas descartáveis para ajudar no orçamento.

Há cinco anos entrei na Cabomat onde estou até hoje. Trabalho como auxiliar de limpeza e copeira.

A gente não pode parar e isso faz com que a gente se renove.

Sou muito feliz, gosto de trabalhar e não é só pelo dinheiro. Quando a gente gosta do que faz, a gente faz melhor.

Agora que minha filha menor está com seis anos, estou planejando retomar os estudos e terminar o colegial. Antes faltava um tempinho”.

Iara Vitorino Celiberto, 49 anos, quatro filhos

“Estudar é construir o próprio futuro”

“Sou cearense de Farias Brito, de família que sempre trabalhou na roça. Por duas vezes vim tentar a vida em São Paulo, a primeira em 1977, logo que me casei aos 19 anos. Ficamos cinco anos na Moóca, onde aprendi a profissão de costureira, e voltamos para o Ceará.

Em 1990, já com três filhos, viemos para Ribeirão Pires onde retomei minha profissão. Em 97, fui convidada para ser encarregada na empresa, mas perdi a oportunidade porque não sabia ler nem escrever.

Nesse ano entrei com meu marido no Movimento de Alfabetização do ABC (Mova-ABC). O curso era à noite, numa  sala na escola estadual Maria Afonso Salero, na 4ª Divisão.

Depois de um ano entrei na 5ª série nessa mesma escola e lá fique até terminar o colegial.

Peguei gosto em estudar mas não dava para fazer faculdade por causa dos filhos. Fui estudar contabilidade e depois fiz dois anos de magistério.

Daí, sim, pude fazer a faculdade de Letras e est