Dia Mundial da Luta Contra a Aids: “Desmonte do SUS pode afetar tratamento gratuito”

No Brasil, 920 mil pessoas vivem com o vírus. Ex-ministro da Saúde relembra ações efetivas de combate à doença e alerta para desmonte do Sistema Único de Saúde

Foto: Divulgação

A data 1º de dezembro marca o Dia Mundial da Luta Contra a Aids. Durante todo o mês são realizadas campanhas de prevenção e apoio a quem vive com o vírus. O Dezembro Vermelho surgiu em 1987, criado pela ONU, no Brasil, o projeto foi adotado em 1988, pelo Ministério da Saúde.

No ano passado, o Brasil registrou a primeira redução no número de casos notificados de HIV em uma década, segundo dados do Ministério da Saúde. Atualmente, 920 mil pessoas infectadas pelo vírus vivem no país.

Ainda segundo a pasta, 100 mil pessoas ainda não sabem que tem o HIV. Por isso, o tema da campanha deste ano é “previna-se, faça o teste; se der positivo, comece o tratamento”.

A maior concentração de casos (492,8 mil) está entre os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo masculino e a 48,4% do total de mulheres.

O deputado federal (PT-SP), médico infectologista, ministro nos governos Lula e da Dilma, Alexandre Padilha, destacou em sua página que neste dia é essencial mostrar as políticas públicas efetivadas nos governos anteriores que buscavam, acima de tudo, preservar a vida da população brasileira e reforçar os tratamentos disponíveis no SUS.

“Quando fui secretário da saúde no governo Fernando Haddad (prefeitura de São Paulo) estabelecemos a meta 90-90-90 do Programa Conjunto das ações Unidas sobre HIV/Aids, de alcançar, até 2020, a meta de 90% das pessoas vivendo com HIV com diagnóstico realizado, 90% em tratamento e 90% com carga viral indetectável, para que em 2030, a cidade chegasse a zero novas infecções e mortes pela doença”, lembrou.

“No governo Dilma implantamos a testagem rápida de diagnóstico em todo o país, incorporamos novos medicamentos ofertados gratuitamente no SUS e passamos, em 2013, a ser o primeiro sistema nacional público do mundo a iniciar o tratamento de Aids precocemente, logo após a testagem – um movimento de vanguarda do enfrentamento do HIV/Aids no mundo. Ainda nesse período, saímos de 62% para 84% das gestantes realizando teste de HIV no pré-natal”.

Padilha ponderou que isso não é suficiente e frisou o descaso do atual governo com a saúde pública. “Estamos passando por um processo de desmonte do SUS, praticado pelo governo Bolsonaro, e que pode afetar diretamente o tratamento de Aids no Sistema Único de Saúde. Por isso, devemos nos unir nessa batalha. Somente com um SUS fortalecido conseguiremos assegurar a Saúde de toda população brasileira”.

Índice de mortalidade

Em 2009, o índice de mortalidade por Aids era de 5,8 por 100 mil habitantes; no ano passado, era de 4,1.

Transmissão vertical

De 2015 a 2019, a detecção de Aids em menores de cinco anos caiu 22%, de 2,4 casos por 100 mil habitantes para 1,9. Com o uso da terapia antirretroviral (TARV) durante a gestação, o risco de transmissão da mãe para o filho é menor que 2%. No ano passado, a cidade de São Paulo foi certificada pelo Ministério da Saúde como município que eliminou a transmissão vertical do HIV.

HIV e a Covid-19

Como a pandemia da Covid-19 tem impactado a resposta política ao HIV/AIDS?

Esse será o tema da live realizada pela Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, hoje, às 15h, no Canal do YouTube da  ABIA.

Link: https://youtu.be/S9lrDUH9bIw.

HIV e Aids não são sinônimos

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS. Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a doença causada pelo HIV.