Diadema quer atrair investimentos do pré-sal
Secretaria de Desenvolvimento Econômico planeja transformar setor metalmecânico em fornecedor da cadeia produtiva do petróleo e gás
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema planeja criar um PDS (Plano de Desenvolvimento Setorial) para impulsionar o setor de petróleo e gás na Região. O objetivo é capacitar empresas interessadas em serem fornecedoras de produtos e serviços da Petrobras, visando os investimentos anunciados pela estatal para a exploração da camada de petróleo pré-sal no País. O programa funcionará de modo semelhante ao PDS dos setores de plástico e borracha, em atividade há seis meses no município, que prevê melhorias na produção e gestão das indústrias.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema, Luis Paulo Bresciani, calcula que a implementação do programa para o setor de petróleo e gás custará cerca de R$ 1 milhão e beneficiará 200 empresas num período de dois anos. O alvo do programa setorial são empresas de pequeno porte, que faturam até R$ 10 milhões por ano, conforme classificação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
Para viabilizar a iniciativa, o secretário pretende estabelecer parcerias e negociar os recursos com o governo federal e bancos de fomento. Além disso, atender às necessidades de especificações, procedimentos e requisitos da Petrobras. No entanto, o diálogo com a estatal está inviabilizado, temporariamente, por conta da oferta pública de ações da Petrobras, que a impede de se envolver em novas iniciativas.
De acordo com Bresciani, o cenário que a exploração do pré-sal abre para o ABCD é otimista, mas, as ações precisam ser tomadas agora para quando os primeiros resultados da exploração na Bacia de Santos começarem a aparecer, entre 2011 e 2012, as empresas estejam em condições de atenderem à demanda. “Quem não aproveitar a oportunidade pode perder o bonde”, indica o secretário.
Com o PDS, as empresas do ABCD serão capacitadas a usar o parque instalado ou ampliá-lo para serem fornecedoras da petroleira. Por atenderem o setor automotivo, as indústrias da Região já têm conhecimento e mão-de-obra qualificada para produzirem para o setor de petróleo e gás. “A adaptação é perfeitamente possível para a cadeia de refino do petróleo. Porém, o setor precisa se capacitar para melhorias do processo produtivo, planos de implementação de novos equipamentos e até qualificação profissional específica para um novo setor”, afirma o presidente da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em São Bernardo, Mauro Miagutti.
Recursos
Desde março – período em que se delinearam as primeiras tentativas de impulsionar o setor metalmecânico para uma nova demanda, com a realização de eventos na Região para a discussão das novas oportunidades de negócios – 137 empresas do ABCD foram cadastradas e poderão ser fornecedoras da Petrobras. O número é baixo dentro do universo de três mil empresas do setor metalmecânico instaladas na Região. Quatrocentas delas estão instaladas em Diadema.
A Petrobrás anunciou investimentos de R$ 250 bilhões em projetos até 2014 e mais R$ 462 bilhões a partir de 2014. Os recursos fazem parte do plano de negócios da companhia, que está na fase de desenvolvimento e que envolve 645 projetos. “Obviamente, isso representa um potencial de negócios para as empresas de Diadema e da Região. Se pensamos que Diadema é uma das principais bases industriais do País, podemos concluir que temos um ótimo posicionamento para receber parte importante desses recursos”, considera Bresciani.
Para o diretor executivo da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas) para o setor de petróleo, gás, bionergia e petroquímica, Alberto Machado Neto, as empresas do ABCD têm condições de serem fornecedoras da estatal e principalmente explorar nichos importantes como do subfornecimento. De acordo com o executivo, é o momento das empresas pensarem na ampliação do parque instalado.
Machado lembra que a Finep lançou recentemente edital destinando R$ 100 milhões para financiar projetos que desenvolvam produtos e soluções tecnológicas para atender aos desafios na produção do pré-sal.
Pré-Sal Petróleo vai controlar contratos de exploração
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou, nesta semana, a estatal do pré-sal, a Pré-Sal Petróleo S/A. A empresa será responsável pela administração dos contratos de exploração da camada de petróleo do pré-sal. A estatal estará vinculada ao Ministério de Minas e Energia, representará a União e será responsável por autorizar as licitações relativas à exploração do produto. A estrutura da empresa será de, no máximo, 130 funcionários, sendo todos contratados por concurso público, à exceção dos cargos de diretoria.
O coordenador geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio de Moraes, considera desnecessária a criação da nova empresa. “A Petrobrás poderia desempenhar este papel”, afirma. Para Moraes, a administração deve estar em sintonia com o que ocorre no País. “Caso não seja alinhada com o governo, corremos riscos”, acredita.
Neste momento, de exploração de novas descobertas, Moraes avalia que é mais importante discutir a questão da nacionalização da produção do pré-sal e da utilização de recursos disponíveis na outra ponta da cadeia produtiva, principalmente no setor plástico, que gera empregos. “O Brasil não deve ser exportador de produto refinado, como o óleo, por exemplo”, aponta.
Do ABCD Maior