Diall: investigação mostra ausência total de segurança

Somatória de erros foi, na verdade, o que possibilitou a ocorrência do incêndio na empresa

Grande quantidade de produtos estocados; ausência de hidrantes; nenhum sistema de contenção de vazamentos ou sistemas de coletas e total desconhecimento dos riscos de manipular produtos químicos inflamáveis. Esses são os pontos detectados pela investigação feita pelo Ministério de Trabalho e Emprego sobre as causas do incêndio na Diall Química, que ocorreu no dia 27 de março passado, em Diadema. A apresentação dos resultados integrou a programação do Workshop OIT 174: Experiências e Práticas na Prevenção de Grandes Acidentes Industriais, realizado e promovido no último dia 05/8, pela Fundacentro, em São Paulo.

“Detectamos que o empregador e os empregados tinham pouco conhecimento dos riscos, e as condições do meio ambiente de trabalho eram totalmente inadequadas em relação à instalação elétrica, estocagem e circulação de pessoas e produtos. Diante dessas circunstâncias várias coisas podem ter acontecido, talvez até um acender de luzes tenha iniciado o incêndio”, comenta a Dra. Viviane Forte, do Ministério do Trabalho e Emprego, responsável pela investigação.

O incêndio na Diall foi de grandes proporções, levou quase quatro horas para ser controlado pelos bombeiros, danificou duas empresas vizinhas e as residências mais próximas foram totalmente destruídas. Não houve vítimas humanas, mas os proprietários foram autuados por lançarem poluentes no ar, na água e solo causando danos ao meio ambiente.

“Grandes acidentes não acontecem apenas em grandes corporações. Essa tinha 10 funcionários e gerou um grande prejuízo. Por isso não podemos ficar de olho apenas no grande empregador”, pontua Forte.

Ações do Sindicato

O Sindicato dos Químicos do ABC também participou do workshop, apresentando a atuação da entidade diante do acidente. “O Sindicato fez o acompanhamento no local, na hora do incêndio, e solicitou informações aos órgãos competentes como Vigilância Sanitária, gerência regional do Ministério do Trabalho, CETESB, Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado do ABC e à própria Fundacentro, para onde enviamos a listagem contendo os 44 agentes químicos comercializados pela empresa”, enfatizou o técnico de segurança do Sindicato, André Araújo.

A elaboração de um projeto de lei que pretende incluir entre as competência do Conselho Municipal de Segurança a comunicação de riscos de acidentes, avalanches e inundações e o desenvolvimento de campanhas de prevenção também está entre as iniciativas do Sindicato.

“Nossa proposta tem o foco na comunicação de risco, o objetivo é abrir um canal para a população expressar seus medos e suas dúvidas sobre fatos que acontecem próximos à sua residência”, explicou o assessor de Políticas Públicas e Sociais do Sindicato, Eng. Nilton Freitas.

O Sindicato também abriu diálogo com a Prefeitura sobre a necessidade de colocar em prática as recomendações das diretrizes da OIT previstas na Convenção 174, que são de responsabilidade do poder público, tornando-se um município pioneiro na prevenção desses tipos de acidentes.

Do Sindicato dos Químicos do ABC