Dieese comemora início de curso de Ciências do Trabalho

O Dieese celebrou na sexta-feira (3), formalmente, o início de sua primeira turma de graduação em Ciências do Trabalho, curso autorizado em 2011 pelo Conselho Nacional de Educação. O coordenador de Educação do instituto, Nelson Karam, lembrou que a criação de uma área específica de ensino já estava na origem do Dieese, em 1955. “Mais do que um novo espaço de formação, é um espaço de produção de conhecimento, em uma perspectiva de classe”, afirmou.
 
As aulas começaram na quarta-feira (1º), no período noturno. O bacharelado terá duração de três anos. A previsão era de 40, mas foram selecionados 42 alunos, entre dirigentes sindicais, assessores, profissionais liberais e gestores públicos, conforme lembrou Karam.
 
O diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, citou o primeiro presidente do instituto, o sindicalista bancário Salvador Losacco, que durante o exílio, em 1965, conheceu a Universidade Popular de Paris. Dez anos antes, quando o Dieese foi criado, ele (Losacco) já falava sobre a formação de uma universidade popular, “onde iríamos formar os quadros da classe trabalhadora”.
 
Clemente lembrou que o trabalho “deve ter papel central na transformação social” e isso passa pela produção de conhecimento. “Em nenhum momento, as centrais sindicais tiveram dúvida sobre esse projeto. Existem diferenças políticas, mas a concepção comum de ter o Dieese como instrumento único”, afirmou. Participaram do ato representantes de sete centrais filiadas ao instituto.
 
O coordenador do Programa de Trabalho Decente e Empregos Verdes na Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasi, Paulo Moçouçah, destacou a recuperação do tema trabalho na produção e difusão de conhecimento. “Nos últimos 20 anos, o tema esteve ausente dos currículos escolares e temas de tese, refletindo o que já estava acontecendo na sociedade.”
 
Os dois diretores-técnicos anteriores a Clemente participaram do ato: os economistas Walter Barelli, que ficou no cargo durante 23 anos, até 1990, e Sérgio Mendonça, que esteve na função por 13 anos, até 2003. Também bancário, quando estudante na USP fez uma tese de pós-graduação sobre o impacto da inflação nas negociações trabalhistas – o professor Octavio Ianni gostou e publicou em uma revista acadêmica. Soube que o Dieese estava selecionando economistas, se interessou e acabou contratado, deixando o Banco do Brasil. Em 1990, Barelli integrou o governo paralelo criado por Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, tornou-se ministro do Trabalho (governo Itamar Franco) e secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho em São Paulo (governos Mário Covas e Geraldo Alckmin). Foi substituído na direção técnica por Sérgio Mendonça, hoje secretário de Relações do Trabalho no Serviço Público, no Ministério do Planejamento.

Da Rede Brasil Atual