Dieese: mais qualificação para sustentar crescimento

Sem qualificação profissional Brasil corre risco de não conseguir dividir ganhos do crescimento econômico

Dar sustentação ao crescimento econômico deve estar entre os principais desafios da agenda sindical, afirmou Clemente Lúcio Ganz, diretor técnico do Dieese, ao apresentar na manhã deste sábado, 10, o estudo Emprego e Qualificação Profissional ao presidente Lula e à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Essa sustentação, segundo ele, só ocorrerá se os trabalhadores conseguirem se apropriar dos expressivos ganhos de produtividade das empresas. “Caso isso não ocorra, o crescimento da economia poderá ser desigual”, alertou o economista.

Para ele, nos últimos seis anos a economia brasileira apresentou um conjunto de resultados positivos no mercado de trabalho, como a política de valorização do salário mínimo, os 12 milhões de empregos formais criados, a queda na informalidade etc.

“Esse cenário animador decorre de uma intencionalidade na estratégia de desenvolvimento do governo federal, mas permanecem desafios históricos e estruturais do mercado de trabalho como o desemprego, os baixos rendimentos, a informalidade e a rotatividade”, destacou Clemente.

Qualificação
O diretor técnico do Dieese lembrou que quatro entre 10 trabalhadores trocam de emprego em menos de um ano, numa estratégia das empresas de achatar rendimentos, ao passo que o crescimento dos salários está longe de acompanhar o crescimento da produtividade.

“Se a gente quiser sustentar o desenvolvimento com elevação dos salários, do emprego e participar do crescimento da produtividade temos de expandir investimento na qualidade da educação básica e na ampliação da oferta da educação profissional”, recomendou Clemente.

Conforme dados do Ministério da Educação, apresentado por ele, apenas 2% dos recursos em educação aplicados no País vão para a formação técnico-tecnológica, sendo que 85% dos recursos são federais. “É necessário ampliar esses recursos”, finalizou.