Diferença salarial entre homens e mulheres diminui 12% na base da FEM-CUT em 20 anos

Estudo do Dieese revela que participação feminina na categoria cresceu 3,9% no mesmo período

Foto: Adonis Guerra

A diferença salarial entre mulheres e homens diminuiu 12,2% na base da FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos) nos últimos 20 anos. No entanto, as trabalhadoras ainda recebem, em média, 23,2% a menos que os trabalhadores. Por outro lado, a participação feminina na categoria cresceu 3,9% no mesmo período.

O levantamento foi realizado pela economista Caroline Gonçalves, da subseção do Dieese da FEM-CUT/SP e compreende dados do Ministério do Trabalho e Emprego, RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) entre 2003 e 2023.

“Que alegria ver esses dados que a FEM-CUT nos apresenta! Eles mostram que estamos no caminho certo, que temos que continuar cobrando mais contratações de mulheres e também a aplicação da lei de salário igual para trabalho igual, sancionada pelo presidente Lula. Isso é resultado das lutas que a Federação vem fazendo desde a sua criação. É um trabalho contínuo, junto aos sindicatos, de sensibilização para com as empresas”, comemorou a diretora executiva dos Metalúrgicos do ABC e coordenadora das Comissões, Andréa de Sousa, a Nega.

Foto: Adonis Guerra

Andréa também destacou a formação das trabalhadoras e o fato de elas estarem ocupando cargos mais altos. “Acredito que o mundo do trabalho está mudando, as empresas estão se adaptando, e hoje muitas mulheres estão sendo contratadas para funções que antigamente eram ocupadas apenas por homens. As mulheres são preparadas, tem um nível de escolaridade que lhes dá condições para ocupar outros cargos, já que a pesquisa mostra que elas subiram em níveis de direção, diretoria e gerência”. 

A secretária da Mulher Trabalhadora da FEM-CUT, Ceres Lucena, celebrou o resultado, porém ressaltou a necessidade de que as mulheres ocupem também mais espaços de decisão. “Nós mulheres estamos avançando em reduzir essa diferença salarial, mas é preciso manter a luta junto à classe trabalhadora também na ampliação de mulheres em espaços de decisões, para que realmente tenhamos representatividade no mundo trabalho e na sociedade”.

Foto: Adonis Guerra

Salários

O estudo revela que, em 2003, as metalúrgicas da base da FEM-CUT/SP recebiam, em média, 35,4% a menos do que os homens. Naquele ano, o rendimento médio das trabalhadoras era de R$ 3.647,04, enquanto os metalúrgicos ganhavam R$ 5.647,27.

20 anos depois, em 2023, os dados apontam que o salário médio recebido pelos homens na categoria é de R$ 5.584,00. Já as mulheres recebem, em média, R$ 4.286,24, o que representa 23,2% a menos do que ganham os trabalhadores homens. A queda foi de 12,2%.

Mais mulheres

Nas duas últimas décadas, o estudo do Dieese aponta um crescimento no número de mulheres e a participação feminina na categoria. Em 2003, a base da FEM-CUT/SP contava com 22.682 mulheres e 143.191 homens, sendo 13,7% a participação feminina. Já em 2023, foram registradas 38.108 trabalhadoras e 178.265 trabalhadores. Ou seja, a participação feminina cresceu para 17,6%, um aumento de 3,9% em 20 anos.

Diretoria e gerência

Outro ponto de destaque do levantamento é que a participação feminina na categoria cresceu em todas as ocupações. A área de diretoria e gerência foi a que apresentou o maior crescimento, saindo de 12,6% de mulheres, em 2003, para 23,4%, em 2023. No entanto, elas representam apenas 4,8% do total de mulheres registradas em empresas metalúrgicas na base da Federação.