Dilma: Ações anti-crise fortalecem Estado e aprofundam modelo de inclusão social
A ministra chefe da Casa Civil também falou nos investimento do PAC e da Petrobrás, da redução da dívida pública, no aumento das reservas internacionais, da desoneração a vários setores e da rede de proteção e de mobilidade do social, como o Bolsa Família e os aumentos reais do salário mínimo
As medidas adotadas pelo Brasil para enfrentar a crise internacional não se limitam a resolver questões imediatas – como a recuperação do crédito e o apoio ao setor produtivo -, mas pretendem promover o aprofundamento das mudanças sócio-econômicas iniciadas pelo governo Lula, segundo afirmou a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no debate realizado na noite de segunda-feira (9) pelo Diretório Nacional do PT, em Brasília.
Segundo Dilma, as medidas do governo têm uma dupla face. A primeira é fazer frente aos efeitos da crise no país. A segunda vai no sentido de aumentar a presença do Estado na economia, multiplicar os investimentos públicos, fortalecer as políticas de distribuição de renda, gerar mais empregos formais e incorporar as classes populares ao mercado consumidor.
“Um bom governo combate a crise. Um governo excepcional aproveita as oportunidades da crise”, afirmou a ministra, citando uma frase dita durante encontro do presidente Lula com um grupo de 25 grandes empresários brasileiros. Segundo Dilma, os empresários foram a Lula pedir a ele que lidere um grande movimento contra a crise.
“Eles disseram que o presidente é a única pessoa capaz de coesionar o país nesse momento, o que, para nós, é muito relevante e importante, porque significa uma tomada de consciência de que nosso governo vem agindo corretamente e tomando as decisões corretas”, afirmou.
Para ela, o episódio mostra que tem cada vez menos força o discurso da oposição e de setores da imprensa, segundo o qual o sucesso do governo Lula se devia à boa fase da economia mundial. “Diziam que éramos bons para governar com o vento a favor, mas que não saberíamos o que fazer diante da crise econômica. Mas há hoje uma clara percepção de que o Brasil está em melhores condições do que qualquer outro país, e de que o governo está tomando todas as medidas necessárias para o enfrentamento”.
Dilma fez um histórico sobre as origens da crise, classificando-a como estrutural. “Ela nasce nos países desenvolvidos e é fruto do cassino econômico e da política de estado mínimo e do mercado máximo. É importante discutir isso, porque vai confirmar certas análises que os setores de esquerda faziam a respeito do neoliberalismo, especialmente o PT”, avaliou.
Segundo a ministra, tais políticas levaram a uma situação extremamente grave. “Todo o sistema financeiro está rigorosamente falido. Ao mesmo tempo, houve grande queda na produção mundial, de bens e serviços, e queda também violenta na oferta de empregos”.
Ela lembrou que o Brasil foi contaminado pela crise em três frentes: redução do crédito internacional, queda no comércio exterior e aumento das expectativas negativas quanto ao futuro.
“Enfrentamos uma freada brusca, um choque violento (…). Entre outubro e novembro no ano passado, não entrou sequer um tostão de crédito internacional; tivemos uma queda brutal nas exportações e as expectativas negativas acabaram alimentadas por uma combinação de ganância e medo”, resumiu, para acrescentar que esse quadro passou a apresentar sinais de recuperação em janeiro, graças, segundo ela, ao fato de o governo Lula ter mudado, nos últimos seis anos, a orientação neoliberal de gestões anteriores.
“O que aconteceria conosco se tivéssemos privatizado os bancos públicos? Não fizemos isso. Ao contrário, ficamos com n nossos bancos e começamos a aumentar nossa participação no mercado. A reação, nos primeiros momentos, só foi possível porque o governo tinha quatro bancos”, comentou, lembrando do importante papel destas instituições no restabelecimento do crédito interno, na redução das taxas de juros e no incentivo ao setor produtivo.
Dilma também falou nos investimento do PAC e da Petrobrás, da redução da dívida pública, no aumento das reservas internacionais, da desoneração a vários setores e da rede de proteção e de mobilidade do social, como o Bolsa Família e os aumentos reais do salário mínimo.
“O governo pôde combater a crise de forma eficiente porque tinha um conjunto de projetos em andamento, uma política de valorização da presença do Estado em parceria estratégica com o setor privado. (…) No passado, quando vinha uma crise, tínhamos arrocho salarial, corte de investimentos e criação de impostos; o país entrava em recessão e quebrava. Hoje é radicalmente diferente. O país não quebrou. Antes, éramos parte do problema; hoje somos parte da solução”, concluiu.
Mais medidas
Além das ações já em andamento, Dilma garantiu que o governo prepara novas intervenções para manter o país crescendo com distribuição de renda. “Temos ainda série de medidas a tomar e nós as tomaremos”, disse.
Segundo ela, serão aprofundadas as políticas de inclusão social e de integração das classes populares ao mercado de consumo. O projeto de construção de 1 milhão de casas para famílias de baixa renda, lançado há duas semanas, se insere nesse objetivo. “É uma ação em dois movimentos. Ela gera empregos na construção civil e estabelece uma política de massa para a habitação, coisa que nunca houve no Brasil. Trata-se, portanto, de dar um passo além”.
Ela criticou os segmentos empresarias que fizeram cortes de pessoal “além do seria justificável” e assegurou que, de agora em diante, o governo só irá promover desonerações e empréstimos se houver contrapartida de garantia de emprego.
Da CUT