Dilma assina MP que cria o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE
Foto: Floriano Rios
Com a presença do presidente do Sindicato, Rafael Marques, a presidenta Dilma Rousseff assinou na tarde de ontem, a Medida Provisória que institui o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE (saiba mais abaixo). Também participaram do ato o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, e representantes das demais centrais sindicais.
“Essa é uma grande vitória para os trabalhadores e uma vitória especial para nós, Metalúrgicos do ABC, que lutamos há mais de quatro anos para chegar a este momento”, afirmou Rafael.
“É mais um mecanismo da legislação trabalhista que nos dá condições de vencer momentos de dificuldades. Trabalhamos fortemente no passado antevendo o possível cenário que estamos vivendo em 2015”, explicou.
Rafael defendeu que o PPE significa a adoção de um modelo mais inteligente dos gastos públicos. “Com o Programa, o governo custeia o trabalhador empregado e não o desempregado como é hoje com o seguro-desemprego. É um retorno econômico muito mais importante ao País e aos trabalhadores”, disse.
O dirigente ressaltou ainda que a proposta incentiva o diálogo, a negociação coletiva e o entendimento em momentos difíceis. Rafael citou o exemplo das negociações na Mercedes.
“A redução na jornada apresentada aos trabalhadores em assembleia seria de 20% e a redução do salário de 10%. Então a empresa já garantia 10% por parte dela”, explicou. “Nesse caso a conta do governo seria em cima dos outros 10%. Com o PPE valendo, o trabalhador na Mercedes ficaria com 95% da sua renda”, prosseguiu.
O dirigente defendeu que esse é o caminho para preservar os empregos e a renda. “É assim que são criadas as condições de retomada da economia e de saída da crise o quanto antes”, disse.
“Tenho segurança de que vários setores da economia utilizarão o Programa muito rapidamente. O PPE é uma reivindicação dos trabalhadores e o governo dá um sinal forte para a sua base social que está dialogando, discutindo e implementando novidades aos trabalhadores do Brasil”, afirmou.
O dirigente destacou que é a terceira medida anunciada pela presidenta Dilma recentemente que dialoga com a pauta dos trabalhadores. “As primeiras foram a valorização do salário mínimo e a alternativa 85/95 ao fator previdenciário. É uma vitória para nós”, concluiu.
O QUE É O PPE
O Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, é mais um mecanismo para a manutenção dos empregos na base.
Pelo PPE, o trabalhador tem a jornada de trabalho reduzida em até 30% e metade destas horas não trabalhadas é custeada por um fundo específico do governo. A outra metade é negociada entre o Sindicato e a empresa.
Segundo a MP, as empresas que aderirem ao PPE não poderão dispensar os trabalhadores que tiveram sua jornada de trabalho reduzida temporariamente enquanto vigorar a adesão.
No final do período, o vínculo trabalhista será obrigatório por prazo equivalente a um terço do período de adesão.
Para os trabalhadores, o PPE representa a manutenção de seus empregos em tempos de crise. As empresas também terão a possibilidade de readequar a mão de obra, conforme o nível de produção
Alguns exemplos fora do Brasil
A proposta de criação do Programa de Proteção ao Emprego, PPE, é inspirada em uma iniciativa alemã, conhecida como kurzarbeit. O kurzarbeit, cuja tradução literal é “trabalho curto”, é o modelo de redução de horas previsto na legislação do país europeu desde os anos 50.
A Áustria é o único país que segue o exemplo da Alemanha e utiliza o kurzarbeit, pagando as contribuições de seguridade social para trabalhadores com jornada reduzida durante até 24 meses.
Nos Estados Unidos, as empresas do setor industrial podem usar um mecanismo de redução de jornada em alguns Estados, como Nova York e Califórnia.
A França adotou há cerca de 14 anos uma jornada de 35 horas como forma de proteção social. E admite, ser necessário processos de negociação que permitam adaptar os acordos às condições particulares dos diversos setores, aceitando inclusive arranjos mais individualizados.
Da Redação.