Dilma condiciona apoio à taxa financeira a investimentos sociais

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira, 3, durante a cúpula do G-20, que o Brasil “não irá se opor” à taxa mundial sobre as transações financeiras, proposta pela França, desde que exista consenso entre os países sobre o piso de proteção social sugerido pela Organização Internacional de Trabalho (OIT). A OIT propõe iniciativa capaz de assegurar um nível mínimo de segurança de renda à população.

Dessa forma, Dilma condicionou o apoio do Brasil à ampliação dos investimentos sociais. Segundo ela, o País tem experiência bem-sucedida de enfrentamento da crise com inclusão social e geração de emprego. “A inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média foi não somente um impositivo moral, mas também uma questão de eficiência econômica”, disse a presidente, durante seu segundo pronunciamento feito durante a cúpula – as sessões são fechadas. “É por isso que apoiamos a tese da OIT de que um piso único de renda não é filantropia, é rede de proteção mundial fundamental para enfrentar a crise e que tem efeito inequívoco.”

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou em entrevista coletiva, após o primeiro dia da cúpula do G-20, que o Brasil e a Argentina estão abertos à taxação financeira mundial. O Brasil já possui o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), inclusive elevado recentemente para conter a especulação com o real.

Com a iniciativa, a França quer que o mundo das finanças contribua para a solução da crise. O objetivo seria usar o imposto para investir no desenvolvimento e reduzir o déficit dos países problemáticos. A ideia esbarra, entretanto, na forte resistência dos Estados Unidos e do Reino Unido, que temem novo abalo em seus sistemas financeiros.

Sobre o comércio, Dilma disse que se empenha para a retomada da rodada Doha. Mas, ponderou que atualmente a crise econômica provoca igualmente problemas cambiais e de ampliação de liquidez que afetam muitos países, como o Brasil. “A conferência da OMC em dezembro deve ser uma oportunidade para retomar nossos compromissos de Doha, assim como discutir a questão cambial e de segurança alimentar, incluindo os subsídios agrícolas.”

Os representantes do governo brasileiro novamente não conversaram com a imprensa hoje, em Cannes. A cúpula do G-20 termina amanhã.

Da Agência Estado