Dilma diz que Lula dá de “400 a 0” em FCH

Sem citar FH, ministra diz que pegou gosto pela comparação com antecessor. Lula diz reparar ´irresponsabilidades´ de quem governou antes

Em clima de campanha e mais uma vez falando como candidata à Presidência, a ministra Dilma Rousseff reforçou ontem os ataques à oposição e afirmou que o governo Lula pegou o gosto pela comparação com o antecessor (Fernando Henrique). Ela disse que o governo petista “dá de 400 a zero no anterior”.

– O volume de realizações do governo Lula é significativo e ganha destaque quando se compara o que fizemos em sete anos com o fato de, até o ano de 2002, o país ter vivido um processo de estagnação acentuado. Essa parceria entre trabalhadores, empresários e governo mostra claramente que tudo o que a oposição não quer é que comparemos o governo do presidente Lula com o anterior. Porque o governo anterior perde de 400 a zero – disse Dilma.

A ministra alfinetou o governo Fernando Henrique Cardoso comparando as medidas tomadas diante da atual crise econômica e a situação nas crises anteriores:

– O governo anterior perde porque, diante da crise, aumentava tributo, aumentava juros, reduzia investimentos e deprimia o Brasil. Nós diminuímos juros, tributo, IPI, aumentamos investimentos – disse. – Entendo perfeitamente o nervosismo, e acho interessante que as pessoas, depois que falam tudo o que querem, dizem: “Agora não vou polemizar”. Estávamos tranquilos, sem fazer comparações. Agora pegamos o gosto, e tudo o que nós queremos é comparar – disse ela, sem citar o ex-presidente Fernando Henrique, que em artigo no GLOBO chegou a falar em “subperonismo” no governo Lula.

As declarações foram dadas após cerimônia de batismo e lançamento ao mar da embarcação Skandi Ipanema, no estaleiro STX Brazil Offshore, em Niterói. Eike Batista, presidente do Grupo EBX e da OGX, empresa do grupo que atua na área de petróleo e contratou o navio de apoio, disse que a embarcação traria sorte à sua empresa por ter tido Dilma como madrinha. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), rebateu as provocações:

– Temos enorme dificuldade de polemizar com a ministra Dilma porque, até agora, não conhecemos nenhum ponto de vista dela. A ministra tem cumprido a tabela de seus marqueteiros. O problema da ministra é tentar mostrar que ela existe. Por isso a candidatura dela não anda. Ainda bem! Porque ela é arrogante e autoritária sem votos. Imagina se ela os tivesse.

A ministra participou de lançamento de obras do programa Minha Casa Minha Vida, ontem, no Rio. O clima também era de campanha, com faixas com dizeres “Dilma presidente” na cerimônia no Palácio da Cidade.

Lula diz reparar ´irresponsabilidades´ de quem governou antes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (10), durante cerimônia de ampliação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), que, ao investir em habitações populares, o governo federal está fazendo uma “reparação” da “irresponsabilidade de quem governou este país antes de nós”.

“Não é possível deixar o povo se amontoar nesses últimos 30 anos. Se tivesse ordenamento, vontade política e disposição de governar, a gente ia resolvendo os problemas sem se amontoar na beira de lixão e de córregos. É o que estamos fazendo. Urbanização e saneamento. É reparação”, disse o presidente da República.

Ele acrescentou que vai haver um momento com vários projetos em execução. “Nunca antes na história desse país os municípios tiveram a quantidade de obras que tem hoje. É uma conquista de vocês [governadores e prefeitos]. Aumentamos a capacidade de endividamento dos estados”, afirmou.

Obras

O presidente Lula disse ainda que continuará visitando obras. Recentemente, após viagem às obras de transposição do Rio São Francisco, com a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível candidata à Presidência pelo PT em 2010, o presidente foi criticado pela oposição, que classificou o movimento como campanha antecipada.

“Se algum adversário ficar ofendido porque nós estamos mostrando o que está sendo feito, eles vão mostrar o que nós não fizemos. Então, entre mostrar e não mostrar, vamos mostrar para valer”, disse Lula, nesta terça-feira.

O presidente disse ainda que não há “tucanos”, em referência aos parlamentares, governadores e prefeitos do PSDB, que não sejam bem tratados pelo governo federal.

“Não há hipótese nenhuma [de maltratar]. Não faz parte da minha formação política e da minha experiência sindical. A gente não governa olhando para governador e prefeito, mas para a população do país. Eu posso ter muitos defeitos, mas não tenho defeitos de destacar companheiros porque não são do meu partido ou porque não pensam ideologicamente como eu”, afirmou Lula.

Segundo ele, não há hipótese, no futuro, do governo federal mudar o tratamento dado aos prefeitos ou governadores do país. “Será muito difícil esse país voltar a uma situação em que prefeitos e governadores venham a Brasília mendigar o que deveria ser seu. E que o governo central fica com o dinheiro para fazer superávit primário e as cidades vivendo a pão e água”, disse.

FNHIS

Na cerimônia ocorrida em Brasília, o presidente Lula confirmou a seleção de 109 projetos para fazer parte do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS). Os projetos contemplam obras de urbanização, regularização e integração de assentamentos precários.

Do total de projetos selecionados, 62 são novos, com verba de R$ 649 milhões, enquanto outros 47 complementam projetos já inseridos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), somando R$ 550 milhões. O total de repasse para os projetos é de R$ 1,2 bilhão, segundo o governo federal, beneficiando 50 mil famílias.

Das agências