Dilma diz que Mercosul precisa de mecanismos contra importados
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira no Paraguai que o bloco deve adotar medidas para evitar que países afetados pela crise econômica global busquem, no Mercosul, compradores para “produtos para os quais não encontram mercado no mundo rico”.
Segundo ela, o Mercosul deve assegurar que seus mercados sirvam de estímulo “ao nosso crescimento, agregar valor aos nossos produtos”.
A presidente afirmou que o Brasil encaminhou à Comissão de Comércio do bloco uma proposta que visa atender a essa preocupação e que espera a aprovação das medidas durante a Presidência temporária do Uruguai no Mercosul, iniciada nesta quarta-feira e com duração de seis meses.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia defendido a adoção de medidas para impedir que os mercados sul-americanos “sejam invadidos por produtos de países que não têm para quem vender”.
Ele afirmou que a proposta visa responder à postura tanto dos Estados Unidos e da União Europeia quanto de países asiáticos, que tradicionalmente exportam para europeus e americanos, mas, devido à crise nessas regiões, têm buscado com avidez os mercados sul-americanos.
Assimetrias
Em seu discurso, Dilma afirmou ainda que o Mercosul tem de reduzir as assimetrias entre seus sócios – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Segundo ela, os Estados-membros devem promover a integração de cadeias produtivas, o intercâmbio entre seus estudantes e estimular parcerias entre pequenas e médias empresas.
Os diferentes estágios de desenvolvimento dos integrantes do bloco também foram citados no discurso do anfitrião do evento, o presidente paraguaio, Fernando Lugo.
Ele afirmou que a redução das assimetrias é prejudicada por barreiras à livre circulação de mercadorias dentro do bloco.
“Garantir o livre acesso aos mercados é garantir o fortalecimento do bloco. As travas e obstáculos não farão mais do que retardar o desenvolvimento dos nossos povos.”
No Paraguai, Brasil e Argentina têm sido alvo de críticas por supostamente imporem barreiras burocráticas e aduaneiras excessivas aos produtos paraguaios, além de dificultarem o acesso de produtos de exportação do Paraguai a seus portos.
Reunião bilateral
Antes de discursarem na cúpula, Lugo e Dilma mantiveram um encontro bilateral, o primeiro entre os dois governantes desde que a brasileira assumiu a Presidência.
Na reunião, segundo assessores da presidente, foram discutidas iniciativas conjuntas sobre segurança na fronteira e políticas sociais.
Dilma teria parabenizado Lugo pelo expressivo crescimento do Paraguai em 2010 – 15,3%, a maior taxa da região e segunda mais alta do mundo.
O comércio entre ambos os países chegou a US$ 3,16 bilhões em 2010, aumento de 39% em relação a 2009. Entre janeiro e maio de 2011, o intercâmbio comercial totalizou US$ 1,3 bilhão, com peso extremamente favorável às exportações brasileiras (US$ 1,1 bilhão).
Na visita, também foram assinados acordos sobre integração na cadeia produtiva do leite e de cooperação na área de TV digital – a exemplo de outros países da região, o Paraguai adota o sistema nipo-brasileiro.
Da BBC Brasil