Dilma e Lula visitam Sede do Sindicato e depois caminham pela Marechal

Em São Bernardo, Dilma defende um País onde todos tenham acesso ao que a vida tem de melhor

A presidenta Dilma Rous­seff e o ex-presidente Lula se reuniram ontem pela manhã com a diretoria dos Meta­lúrgicos do ABC na Sede do Sindicato, onde trataram de questões da categoria e da conjuntura nacional.

Após a reunião, Dilma conversou com a Tribuna e demais jornalistas em entre­vista coletiva, onde afirmou acreditar em um segundo se­mestre melhor. O comentário foi feito após a divulgação do avanço de 0,7% da produção industrial em julho, depois de cinco meses de retra­ção (leia mais na página 4).

Em seguida, a presidenta fez uma caminhada junto a Lula pela rua Marechal Deodoro, em direção a igreja na Praça da Matriz, no Centro de São Bernardo, acompanhada por milhares de pessoas.

Durante a coletiva à im­prensa, Dilma destacou a volta do crescimento da indústria no País. “Nós de­fendemos outra forma de enfrentar qualquer crise, garantindo a valorização de salários, a manutenção de empregos e investindo em infraestrutura”, afirmou.

A presidenta lembrou que os governos que antecede­ram o seu e o de Lula só não quebravam diante da crise porque recorriam ao Fundo Monetário Internacional, o FMI.

E, em contrapartida, o Fundo exigia a redução de salários, aumento de de­semprego, de impostos e de tarifas, o que não acontece desde 2003.

Acompanhe abaixo os principais trechos da en­trevista onde Dilma tratou especialmente de dois pontos fundamentais para o governo federal, Reforma Política e política industrial.

Reforma Política

“Dezenas de entidades se mobilizarão até 7 de setem­bro para realizar o primeiro plebiscito sobre Reforma Política no País. Contamos com o bom resultado do Plebiscito para que a gente possa, de fato, construir as condições para que o País adote uma Reforma Política, a mais ampla e democrática, que assegure transparência e a preservação dos interesses do povo brasileiro.

A participação popular será fundamental porque, sem ela, não se fará Reforma Política no País. Não há a me­nor condição de se fazer. Tan­to é assim, que nós enviamos ao Congresso uma proposta de Reforma Política com a convocação de um Plebiscito e até hoje não foi votada.

Por isso, eu acho que o mo­vimento destas entidades, essa coalizão pela Reforma Política e a transparência na política, é mais que simbó­lica porque 7 de setembro é o nosso Dia Nacional, e eu pretendo receber as propostas e votar no Plebiscito.

Nós queremos de fato um processo democrático e que resulte em transformações no nosso País, que garantam uma governabilidade muito melhor e mais efetiva, nós precisamos da Reforma Po­lítica”.

Política industrial

“Nosso governo é total­mente a favor de políticas industriais. No meu governo, nós geramos 5,5 milhões de empregos. Sem política in­dustrial, o Brasil não conse­gue fortalecer sua indústria.

Por isso fiquei muito preocupada com o progra­ma da candidata Marina, já que ela reduz a pó a po­lítica industrial. Primeiro, ela tira o poder dos bancos públicos de participar do financiamento da indústria e da agricultura.

No caso da indústria auto­mobilística, o que ela pro­põe é o fim do Inovar-Auto, que trouxe para o Brasil 12 grandes empresas. Nós não queremos só montar os pro­dutos, nós queremos, além de montar os produtos, que venha para cá o processo de inovação, a criação de labo­ratórios de pesquisa, enfim, que aqui se dê o conjunto da produção.

Para o petróleo [o progra­ma de Marina] será a destrui­ção da indústria naval, que já teve de ser reconstruída no início do governo Lula. Hoje, o setor é o quarto do mundo e gerou até julho deste ano 81 mil empregos. Para 2015, há a previsão de mais de 100 mil empregos.

Então, acabar com a polí­tica de conteúdo local é um enorme erro, já que mante­mos a luta em manter tudo aquilo que pode ser produ­zido no Brasil, com mão de obra nacional, gerando em­pregos de qualidade e salários maiores.

Eu queria falar isso porque fico muito preocupada quan­do querem acabar com o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES.

Sabe por que a indústria e a agricultura procuram o BNDES e não um banco privado? Porque ele oferece prazos mais longos, taxas melhores e uma política in­dustrial específica de apoio para aqueles setores que são importantes para a econo­mia brasileira porque geram emprego.

Nós temos um critério, uma métrica que mede tudo, chama-se emprego. Gerou emprego para nós é bom e fundamental para o País, o desempregou é ruim. Essa é a métrica mais simples possível para aqueles que são compro­metidos com o crescimento e o futuro do País”.

“Metalúrgicos acumularam ganhos nos governos Lula e Dilma”, diz Rafael

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, foi enfático ao afirmar que se existe uma categoria de tra­balhadores que acumulou ganhos no período em que Lula e, em seguida, Dilma governaram o País são os metalúrgicos do Brasil, do Estado de São Paulo e, principalmente, do ABC.

“Basta ver o crescimento do emprego no setor nacionalmente, que aconteceu graças à recuperação de cadeias produtivas como a naval e o fortalecimento dos setores espacial, automobilístico e de bens de capital”, destacou.

Segundo o dirigente, os salários também melhoraram, pois as campanhas dos últimos doze anos acumu­laram saldo acima de 40% de aumento real.

“Isso nunca aconteceu na história dos metalúrgicos do ABC, do Estado de São Paulo e do Brasil como um todo. Ainda conquistamos mais direitos, sendo o mais recente a desoneração do Imposto de Renda sobre a PLR”, prosseguiu Rafael.

“Por tudo isso, podemos dizer sem medo de errar que nossa categoria esteve entre as prioridades dos governos Lula e Dilma. Então, nada é mais natural que os metalúrgicos brasileiros apoiarem a reeleição de Dilma”, concluiu.

Da Redação