Dilma e Putin assinam acordos bilaterais em Brasília

Um dos principais termos dos acordos prevê o aumento das trocas entre os dois países ao patamar de US$ 10 bi anuais

Putin lembrou que o Brasil é o maior parceiro da Rússia na América Latina, mas que o comércio bilateral vem registrando queda nos últimos anos

A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinaram hoje (14), em Brasília, uma série de acordos bilaterais nas áreas de economia, defesa, tecnologia, energia e produção de vacinas. Um dos principais termos dos acordos prevê o aumento das trocas comerciais entre os dois países ao patamar de US$ 10 bilhões anuais.

A presidenta Dilma Rousseff destacou a parceria com os russos em várias áreas e frisou que, como grandes nações, os dois países não podem ficar dependentes. Por isso, acrescentou, devem desenvolver soluções tecnológicas próprias. Dilma disse ainda que os dois países podem trocar experiência na organização de mega eventos esportivos, já que a Rússia sediará a próxima Copa do Mundo, em 2018, e o Brasil as Olimpíadas, em 2016.

“Desde a primeira visita do presidente Putin ao Brasil, em 2004, nosso comércio bilateral mais que dobrou. Concordamos que há necessidade de aumentá-lo e diversificá-lo. O plano servirá para desenvolvermos iniciativas que possibilitem o aumento recíproco de investimentos diretos”, discursou Dilma.

Segundo ela, o Brasil busca “uma relação de longo prazo” com os russos não apenas nas questões econômicas. “Nossos países estão entre os maiores do mundo e não podem se contentar, em pleno século 21, com dependência de qualquer espécie. Os acontecimentos recentes demonstram ser essencial que busquemos, nós mesmos, nossa autonomia científica e tecnológica”, disse a presidenta, sem mencionar diretamente o escândalo de espionagem norte-americano.

Sem citar o conflito da Rússia com a Ucrânia em relação à Crimeia, Dilma defendeu a adoção da resolução consensual e pacífica de conflitos e cumprimentou o presidente Putin pela posição do país a respeito do conflito na Síria e no Oriente Médio. Dilma elogiou ainda a adesão da Rússia à resolução da ONU sobre direito à privacidade na Era Digital.

Putin lembrou que o Brasil é o maior parceiro da Rússia na América Latina, mas que o comércio bilateral vem registrando queda nos últimos anos.  Por isso, a urgência nos diálogos para “ultrapassar” os problemas atuais.

Ele também destacou que é preciso debater sobre como avançar na cooperação do Brasil e demais países da América Latina na União Eurasiática, que é uma proposta de integração econômica e política entre a Bielorrússia, o Cazaquistão, a Rússia, o Quirguistão, o Tajiquistão, entre outras nações.

Além do acordo para ampliar o comércio e investimento entre os dois países, Dilma e Putin assinaram também acordo na área de defesa antiaérea, com convite para que militares brasileiros participem de exercícios militares russos com uso do sistema usado por aquele país.

Outro acordo prevê a cooperação técnica entre a Empresa Federal Estatal Unitária, a Universidade de Pesquisa Científica de São Petersburgo e Soro e o Instituto Butantan na produção de vacinas contra doenças como difteria, tétano, coqueluche e meningite. O acordo também vai facilitar o acesso do Instituto Butantan ao mercado russo para venda de vacinas.

Na área de tecnologia, foi assinado acordo que estipula a instalação, na Universidade de Santa Maria e no Instituto Técnico de Pernambuco, de uma estação de calibragem do sistema de navegação por satélite de tecnologia russa (Glonass), que permitirá melhor definição de imagem do sistema russo no hemisfério ocidental.

A primeira estação de calibragem do sistema Glonass, que equivale ao GPS, em território sul-americano foi instalado em 2013, na Universidade de Brasília.

Na área de petróleo e energia, Rússia e Brasil assinaram acordo de cooperação para exploração e produção de hidrocarbonetos, políticas industriais voltadas à cadeia de bens e serviços para a exploração e produção de petróleo e gás natural, planejamento, construção, ampliação e exploração de infraestrutura para transporte, estocagem processamento e escoamento de gás natural.

Da Rede Brasil Atual