Dilma: Marina Silva não representa mais o projeto do governo Lula

"Ela tem um projeto alternativo que não podemos desconsiderar, que merece o nosso respeito. Mas é preciso deixar claro que a ex-ministra não representa o projeto do presidente Lula", disse a ministra-chefe da Casa Civil, em Salvador, onde foi à missa na Igreja do Bonfim agradecer a cura do câncer

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesta sexta-feira (9) que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva não representa o projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Ela tem um projeto alternativo que não podemos desconsiderar, que merece o nosso respeito. Mas é preciso deixar claro que a ex-ministra não representa o projeto do presidente Lula”, afirmou Dilma Rousseff , após participar de missa na mais famosa igreja da Bahia, a de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador.

Dilma não quis confirmar se vai deixar o governo em fevereiro para se dedicar à campanha, como disse à Reuters o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).”Para sair, tenho de ser indicada candidata, o que não aconteceu até agora.”

Vestida de branco, como manda a tradição, Dilma Rousseff chegou à igreja às 7h15. Antes de subir as escadarias do templo, tomou um “banho de axé” –folhas de aroeira e pingos de água foram jogados em seu corpo.

Em seguida, ganhou dez fitinhas do Senhor do Bonfim (todas na cor branca). Ao lado do governador Jaques Wagner (PT), a ministra foi muito aplaudida ao entrar na igreja e permaneceu durante toda a cerimônia ao lado do altar.

Ela cantou parte do hino em homenagem ao Senhor do Bonfim e comungou. Poucos minutos depois do início, o padre Edson Menezes pediu uma “saudação especial pela saúde” da ministra, quando os cerca de 500 fiéis que lotaram as dependências do templo bateram palmas.

Faixas colocadas na praça em frente à igreja e nas principais ruas do bairro diziam que o Senhor do Bonfim ajudou a ministra a curar um câncer. A doença foi divulgada em abril. Após se submeter a quimioterapia e radioterapia, os médicos responsáveis pelo tratamento anunciaram, no final de setembro, que a ministra está livre da doença.

Do lado de fora da igreja, a ministra colocou uma fitinha no pulso e elogiou a religiosidade do povo baiano. “Quem chega à igreja do Bonfim entende perfeitamente os motivos de os baianos serem tão religiosos. Aqui (na igreja), sinto o coração, a alma e a imensa generosidade dos baianos.”

A pré-candidata tem se aproximado de religiosos. Na segunda-feira, esteve em culto da Assembléia de Deus em São Paulo e há cerca de um mês participou de evento em Brasília que contou com a participação de representantes das principais igrejas evangélicas do país. Em março, compareceu à missa do padre Marcelo, membro da Renovação Carismática Católica.

Dilma, que cumpre agenda na Bahia desde quinta-feira à noite, admitiu que haverá uma polarização entre o PT e o PSDB na campanha do ano que vem à Presidência da República.

“Queremos confrontar o que aconteceu após 2003 (quando o presidente Lula chegou ao poder pela primeira vez) e como era o Brasil antes. A polarização é inevitável”, declarou.

Ainda sobre sucessão, ela e recusou a comentar a possibilidade de ter dois palanques na Bahia –o do governador Jaques Wagner, que deve concorrer à reeleição, e o do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que também pretende estar na disputa pelo PMDB. “Não falo em dois palanques porque a eleição não começou.”

No sábado, a ministra continua na Bahia. Ao lado de Jaques Wagner, visita obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), depois da previsão de cinco cerimônias nesta sexta.

Das Agências