Dilma promete ´diálogo sistemático´ com empresários e trabalhadores sobre indústria


Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

No lançamento da nova política industrial brasileira, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o programa “Brasil Maior” é “um passo inicial de um diálogo” entre governo e trabalhadores e empresários. Ela prometeu manter aberta a negociação com ambos os setores. O conjunto de medidas trata de compensar os efeitos de câmbio e oferecer vantagens para o parque industrial instalado no país.

No total, a política industrial prevê desoneração tributária de cerca de R$ 25 bilhões em dois anos. Entre outras medidas, a alíquota de 20% para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na folha de pagamento de setores considerados sensíveis ao câmbio e intensivos em mão de obra (confecções, calçados, móveis e softwares) será zerado – compensado por contribuição variável conforme o segmento a partir de 1,5% sobre o faturamento.

“Tenho certeza que este conjunto de medidas constituem o passo inicial de um diálogo que o governo irá manter com os trabalhadores e empresários. Teremos de manter um diálogo sistemático”, disse Dilma. Até a semana passada, as queixas de empresários e trabalhadores era de que o conteúdo do programa não havia sido devidamente discutido com os interessados.

Enquanto os empresários foram recebidos antes pelos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sindicalistas tiveram reunião apenas na véspera. Por isso, as centrais sindicais decidiram não participar da solenidade de lançamento do plano.

Dilma insistiu no recado aos representantes de trabalhadores. “O movimento sindical brasileiro sempre participou das propostas que lidamos. O conjunto de medidas é fruto da pressão legítima do movimento dos trabalhadores e dos empresários”, afirmou.

Comparação com 2008
Ainda no discurso durante o lançamento, a presidenta lembrou o período da eclosão da crise econômica internacional em 2008. O Brasil enfrentou uma leve recessão em 2009, mas foi considerado o primeiro país do mundo a superar os efeitos da instabilidade – a “marolinha”, conforme declarou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A semelhança, segundo ela, decorre das dúvidas relacionadas à capacidade de os Estados Unidos gerenciarem sua dívida.

Nesta terça-feira (2), o Congresso norte-americano deve aprovar o aumento do teto da dívida do setor público, combinado a um plano de contingenciamento do orçamento pelos próximos dez anos. Apesar disso, são esperadas consequências do impasse sobre o resto do mundo.

“O Brasil tem condições de passar por essa crise declarada”, adiantou Dilma. “Assim como em 2008 o quadro exige ousadia. É preciso proteger nossas forças produtivas e nosso emprego. É imperativo defender nossa indústria e nossos empregos da guerra cambial que reduz nossas exportações e tenta reduzir nosso mercado interno que construímos ocm tanto esforço e dedicação.”

Dilma acusou os países desenvolvidos de práticas de protecionismo contrárias a resoluções do comércio internacional, que prejudicam a indústria. Desde o fim de 2010, o governo brasileiro tem criticado a “guerra cambial” em curso entre nações industrializadas com o intuito de baratear produtos confeccionados em seu território. Com moedas desvalorizadas, as exportações dessas nações ficam mais competitivas, em prejuízo de emergentes, como o Brasil

“Nosso desafio é fazer tudo isso sem recorrer ao mesmo tempo ao protecionismo ilegal que tanto nos prejudica e tanto criticamos sem prejudicar o quadro macroeconômico e sem prejudicar o direito dos trabalhadores”, criticou. Dilma se disse “aliada e parceira consciente” da indústria, setor essencial para o desenvolvimento defendido por sua gestão.

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*Faça o download abaixo da cartilha com a íntegra do Plano Brasil Maior em PDF.

Da Rede Brasil Atual