Direção do Sindicato dialoga com trabalhadores na Scania e cobra incentivo local do governo
Vice-presidente do Sindicato e CSE na fábrica alerta para falta de peças gerada pela pandemia, guerra e ausência de política industrial
Na manhã de ontem, a direção executiva do Sindicato esteve na portaria da Scania, em São Bernardo, entregando a Tribuna no horário de entrada dos trabalhadores. Essa é a primeira montadora que recebe a visita da nova composição da diretoria, com Moisés Selerges na presidência.
O coordenador do SUR (Sistema Único de Representação) na empresa, Francisco Souza dos Santos, o Maicon, destacou a ação como atividade fundamental para aproximar ainda mais o Sindicato dos trabalhadores.
“Nós da representação entendemos que é fundamental esse tipo de iniciativa. O trabalhador, muitas vezes, enxerga o Sindicato apenas como os representantes que estão dentro da fábrica, é importante que a direção executiva esteja presente para mostrar toda a organização sindical que dá suporte ao nosso trabalho e que o Sindicato são os trabalhadores organizados”.
Maicon reforçou ainda que o processo inverso também é necessário. “Precisamos levar o trabalhador para dentro do Sindicato, o prédio do Sindicato é a casa do trabalhador e ele precisa se sentir como se estivesse no sofá da casa dele. Na fábrica muitas vezes não conseguimos debater todos os assuntos que afetam a vida porque o companheiro está no pé da máquina, precisamos fazer esses debates na Sede”.
Olho no olho
O CSE e secretário-geral do SUR, Emerson Monteiro da Silva, o Danado, ressaltou a importância desse diálogo.
“Temos plena convicção da importância dessa ação, considerando as mudanças que foram feitas tanto na presidência como na direção executiva. Sabemos que neste ano eleitoral temos um grande caminho a seguir e este fortalecimento com todos tem um grande reconhecimento no chão de fábrica de onde tiramos a base de todas decisões. O olho no olho do trabalhador é muito importante nesse processo”.
Impactos no setor de ônibus e caminhões
O vice-presidente do Sindicato e CSE na fábrica, Carlos Caramelo, avaliou que a Scania, assim como outras montadoras, passa por dificuldades geradas pela pandemia, também a falta de política industrial e, atualmente, em consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Durante todo esse período, a atuação do Sindicato tem sido fundamental na construção de acordos para garantia de emprego, já que não houve ações de proteção por parte do governo”, afirmou.
“Os segmentos de caminhões e ônibus, principalmente, vêm sendo afetados já antes da pandemia quando a economia dava sinais de desaquecimento, a pandemia agravou ainda mais devido também à falta de ação imediata do governo”, completou.
Logística
Segundo o dirigente, a guerra da Rússia e Ucrânia vem afetando setores de logística e gerando falta de peças.
“No caso da Scania, o que impacta mais é a logística, já que a guerra atrasa a chegada dos navios. Isso ocorre porque somos dependentes de importação, já que a indústria brasileira não desenvolve fornecedores locais. Insistimos na necessidade de o Brasil desenvolver uma indústria local com valor agregado, com mais tecnologia e políticas de incentivos para gerar emprego, produção e renda aqui”.