Direção mundial da Ford confirma fechamento, e metalúrgicos discutem indenização ‘justa’
Preocupação passa a ser negociação de valores após o fechamento. Sindicalista de Taubaté afirma que governos “abandonaram os trabalhadores”
Depois de a direção mundial da empresa confirmar o encerramento das atividades no Brasil, os trabalhadores da Ford se voltam para uma negociação que inclua valores considerados razoáveis de indenização para os empregados que serão dispensados. “Essa indenização deve levar em conta aspectos como os impactos econômicos e sociais do fim das atividades da fábrica e o acordo de estabilidade no emprego dos funcionários”, diz o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau).
Em videoconferência na última quinta-feira (25), dirigentes do sindicato do interior paulista apresentaram alternativas para manter a fábrica de motores e transmissões, atualmente com 830 empregados diretos. Mas os executivos da montadora voltaram a afirmar: a Ford não quer mais produzir no Brasil, conforme anunciado em 11 de janeiro.
Impactos sociais
“Nós não concordamos com isso. Apresentamos uma série de propostas para tentar reverter. Eles foram veementes de que não existe possibilidade alguma de a Ford permanecer com unidades fabris no Brasil”, comentou o presidente do sindicato de Taubaté, Claudio Batista, o Claudião.
Devido à posição irredutível da empresa, a preocupação agora é discutir uma indenização. “Que leve em conta os impactos financeiros, trabalhistas e sociais do encerramento da produção”, segundo o sindicato. “O próximo passo nosso é tentar o melhor acordo possível. Queremos fazer uma discussão de indenizar os trabalhadores da melhor maneira possível”, disse Claudião.
Os metalúrgicos lembram que está em vigor um acordo que prevê estabilidade no emprego até dezembro. Algo que precisa ser considerado no debate sobre indenizações. Além disso, para reforçar, outro acordo, este firmado no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), garantiu a manutenção de empregos e salários até o término das negociações.
Governos “viraram as costas”
Como parte do acerto firmado com intermediação da Justiça do Trabalho, os metalúrgicos retomaram a produção em Taubaté e também em Camaçari, na Bahia. O retorno começou na última segunda-feira (22), com 130 funcionários no interior paulista fazendo peças de reposição. Até 330 deverão ser chamados. Os demais permanecem em licença remunerada.
O coordenador sindical na Ford, Sinvaldo Cruz, destacou as manifestações dos trabalhadores, que realizaram vigílias e carreatas. E criticou a posição do Executivo, tanto federal como estadual. “Apesar das dificuldades, tínhamos esperança de reverter o fechamento da Ford.
Agora nosso grande desafio é garantir o melhor e mais justo acordo de indenização. Fica uma reflexão a cada trabalhador. Os governos estadual e federal nos abandonaram, viraram as costas aos trabalhadores.”