Direita faz ofensiva para a criminalização


Para Fei Betto, Brasil ainda não consolidou a democracia

O debate Desafios dos Movimentos Sociais na Atual Conjuntura, realizado ontem na sede do Projeto Meninos e Meninas de Rua, em São Bernardo, reuniu sindicalistas, políticos de partidos de esquerda e representantes de entidades civis para um ato contra a ofensiva de setores conservadores do País para criminalizar os movimentos sociais.

“Essa ofensiva mostra que o Brasil ainda não consolidou seu processo democrático e conserva resquícios da ditadura, principalmente no setor judiciário”, argumentou Frei Betto.

Marcelo Buzetto, da coordenação estadual do MST, defendeu a libertação de nove militantes da entidade presos em cadeias paulistas, sete deles no final de janeiro, após a ocupação de área pública da União na cidade de Iaras, parte dela invadida pela Cutrale há cinco anos.

A empresa controla a comercialização de 30% do suco de laranja no mundo.

Infiltrados
“O Incra disputa essa fazenda de 30 mil hectares na Justiça e já apresentou documentos comprovando que a área é da União”, comentou Buzetto. “O MST ocupou parte dela para chamar a atenção da sociedade que a terra tem de ser desapropriada para a reforma agrária”, destacou.

Ele disse que são prisões políticas. “São as forças conservadoras, os partidos de direita e os meios de comunicação que estão desencadeando uma ofensiva contra os movimentos sociais”, argumentou.

“Existem policiais infiltrados nos acampamentos, que levam as armas e depois fazem imagens para a tevê como se fossem agricultores para forjar situações incriminando os companheiros do MST”, concluiu Buzetto.