Diretor do Sindicato debate política industrial, em Seminário que defende a reconstrução do Brasil
Entre segunda e terça-feira desta semana foi realizado em Brasília o Seminário ‘Travessia, Resistência e Esperança’, promovido pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado, em parceria com a Fundação Perseu Abramo e o Instituto Lula. O centro do debate foi o consenso de que o próximo governo tem como tarefa principal recuperar a economia e promover justiça social no país. Participaram também representantes da CUT, IndustriALL-Brasil e do MST.
A análise de conjuntura foi coordenada pela deputada Marília Arraes (PT-PE). Um dos pontos analisados foi a queda da atividade industrial no Brasil, com a consequente queda no número de empregos no setor. O diretor executivo do Sindicato, presidente da IndustriALL-Brasil e da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou a necessidade da retomada da indústria.
“Vivemos a total ausência de política industrial, crise cambial, de insumos e no mercado interno com perda de emprego e de renda. Precisamos discutir uma política industrial, porque um país do tamanho do Brasil não vai conseguir dar qualidade de vida para o povo sem indústria que gera empregos com salários maiores”.
“A conjuntura política e econômica é desfavorável, estamos perdendo todo dinamismo industrial com forte redução nos empregos. O que o Brasil expandiu de 2003 a 2014, com 19 milhões de empregos formais e três milhões de empregos industriais, nos últimos seis anos perdeu mais de um milhão só de empregos industriais, sendo que 17 fábricas foram fechadas por dia nesse último período”, completou.
O dirigente apresentou um quadro que demostra que, cada R$ 1 investido na indústria gera R$ 2,40 na economia, cada R$ 1 na agricultura gera 1,66 e cada R$ 1 no comércio e serviços gera R$ 1,49. Também lembrou que hoje a indústria representa algo em torno de 11% do PIB, menor percentual desde 1947.
“Para retomarmos uma política industrial e dar um salto de qualidade de vida, precisamos basear essa produção industrial também nas demandas sociais do povo”.
Decadência brasileira
Como exemplo da decadência brasileira, Aroaldo destacou as recentes notícias de que o Brasil deixou de ser o principal parceiro comercial da Argentina, sendo substituído pela China e que a indústria começa a falar que este ano vai ser perdido.
Pensar o Brasil
Aroaldo destacou a importância do Seminário. “É importante para pensar que Brasil queremos. Devemos diagnosticar bem o que aconteceu, o porquê estamos neste momento de tanto caos social, desemprego e fome, e como reverter esse cenário. Precisamos construir as políticas estruturais para realocar o Brasil na posição privilegiada do mundo, com todas essas mudanças tecnológicas, mas também criar políticas emergenciais, pois primeiro precisamos matar a fome do povo, criar emprego e gerar renda”.