Dirigentes da América Latina preparam ação conjunta de repúdio à espionagem dos EUA
Ministros das Relações Exteriores estão reunidos no Uruguai para Cúpula do Mercosul
Documento será formulado nesta sexta-feira exigindo explicações de Washington
Depois da Europa, é a vez dos dirigentes da América Latina cobrarem explicações e formalizarem uma nota de repúdio ao escândalo de espionagem efetuado pelo governo dos EUA. Segundo informações do Itamaraty, divulgadas nesta quinta-feira (11/07), a intenção é formular amanhã na Cúpula do Mercosul (12) um documento oficial, apresentando um posicionamento contundente contra as atividades de monitoramento de dados na internet e telefonemas.
Após a divulgação, nos últimos dias, de que agências norte-americanas espionaram cidadãos em vários países da América Latina, inclusive o Brasil, os governos do Equador, da Colômbia e do México exigiram explicações de Washington. Segundo informações da imprensa europeia, as ações norte-americanas utilizaram agentes infiltrados também na Venezuela, Argentina, no Chile, Peru, Paraguai, Panamá, na Costa Rica, Nicarágua, em Honduras e El Salvador.
Segundo informações da Agência Brasil, o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, foi convocado a prestar esclarecimentos às autoridades. Ele conversou com os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Paulo Bernardo (Comunicações) e José Elito Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional). Shannon prometeu colaborar com as autoridades e investigar as denúncias.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ressaltou que o tom do documento será coerente com as premissas da política externa brasileira.
Ao ser perguntado se o governo do Brasil pretende elevar as críticas e reações aos Estados Unidos, como fizeram alguns países da região, o chanceler disse que os brasileiros têm uma posição bem definida. “O Brasil ouve [os demais países], mas não costuma seguir. O Brasil formula suas próprias posições de acordo com os interesses nacionais e com a política externa brasileira”, destacou.
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, exigiu uma resposta efetiva do governo norte-americano. “Tem de haver transparência, respeitando as normas internacionais que protegem o direito à intimidade das telecomunicações que, evidentemente, foi atingido”, disse ele. “Isso é inaceitável e requer explicações e correções no mais alto nível.”
O Ministério das Relações Exteriores do México confirmou que foram pedidas informações ao governo dos Estados Unidos sobre as denúncias. Os mexicanos pediram aos norte-americanos um detalhamento sobre o monitoramento de 38 embaixadas e representações diplomáticas.
O Ministério das Relações Exteriores do Chile destacou que “procurará verificar a autenticidade” das informações e condenou “firme e categoricamente as práticas de espionagem”. A presidenta da Costa Rica, Laura Chinchilla, defendeu um debate amplo sobre o tema e condenou as ações de monitoramento.
Na Venezuela, que ofereceu asilo político a Edward Snowden, consultor norte-americano que revelou as ações de espionagem, a ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, sugeriu o encerramento das contas no Facebook. A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, prometeu “forte pronunciamento” amanhã (12) na Cúpula do Mercosul.
Da Agência Brasil