Discriminação atinge 8,3% dos trabalhadores formais e assédio, 4,9%
Mas apenas 2,5% dos trabalhadores denunciam abusos
A discriminação também está presente no mercado de trabalho. Entre os trabalhadores formais, 8,3% relataram que há casos de discriminação em seu trabalho. Entre os informais, 5,6% deram a mesma resposta. O assédio – moral ou sexual – também está presente em 4,9% dos casos, para os trabalhadores formais, e em 0,9% para os informais.
O desrespeito aos direitos do empregado pode ser explicado, segundo a pesquisa do Ipea, pelo fato de a “hegemonia do empregador” não ter sido quebrada. O técnico do Ipea André Gambier afirma que esse é um dos principais motivos porque os trabalhadores não denunciam os abusos cometidos.
Apenas 2,5% dos trabalhadores com carteira assinada afirmaram usar os canais competentes, como sindicatos, associações, ministérios públicos ou Justiça do Trabalho, para denunciar algum tipo de arbitrariedade ocorrida no ambiente de trabalho. Já entre os informais, o nível é bem menor: 1%.
Rede de contatos é mais importante que formação
A pesquisa, que ouviu três mil trabalhadores no país inteiro, também surpreendeu positivamente os técnicos do órgão. A maior incidência de discriminação ocorreu, segundo relato dos entrevistados, devido à idade do trabalhador – o que também surpreendeu os pesquisadores. O nível de assédio ou discriminação ficou abaixo do esperado.
Ficou comprovado ainda que ter uma boa rede de contatos é importante para conseguir emprego. As referências pessoais foram o segundo item mais apontado pelos trabalhadores com carteira assinada como a principal exigência do empregador na hora da contratação, com 21,3% das respostas. Perdeu apenas para o item “experiência na atividade” que, segundo 23,1% dos empregados formais entrevistados foi a principal exigência para garantir a vaga. Formação escolar e técnico-profissionalizante tiveram menor peso: 12,4% dos entrevistados citaram essas qualificações como fundamentais para garantir o emprego.
Da Agência O Globo (Liana Melo)