Discriminação racial na França e no Brasil

A violência na França ocupou a atenção da grande imprensa nas últimas três semanas.

Considerada a agitação social mais grave do país nos últimos 40 anos, numa alusão ao histórico movimento estudantil de 1968, a onda de violência envolvendo jovens descendentes de imigrantes africanos alastrou-se rapidamente pelo interior francês, gerando um rastro de destruição e colocando a nu uma realidade pouco conhecida: o crescimento da população pobre num país desenvolvido, as condições de vida e a discriminação racial sofrida por imigrantes e a ineficácia das políticas para integrá-los à sociedade.

Embora o estopim da revolta tenha sido a morte de dois jovens perseguidos pela polícia, sua causa real está na exclusão social dos afro-descendentes, sentida na pele como discriminação, desemprego, pobreza e falta de perspectiva em relação ao futuro.

Globalização excludente

O movimento revela também uma das características marcantes do mundo globalizado: a pobreza deixou de ser uma característica exclusiva do Terceiro Mundo, tornando-se visível no interior dos países desenvolvidos.

A ação radical dos jovens, movida pela desilusão diante da impossibilidade de inclusão real, questiona os fundamentos da democracia francesa, baseada nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade.

Aqui também

Exclusão social e discriminação racial são elementos comuns aos descendentes de escravos na sociedade brasileira.

O relatório mais recente da ONU sobre desenvolvimento humano no Brasil confirma o fato, revelando o enorme abismo que continua a existir entre brancos e negros.

A persistência dessa realidade tão desigual desnuda uma realidade que aqui se tenta encobrir através do mito da democracia racial. Até quando?

Departamento de Formação