Dissonância cognitiva – parte 2
Na semana passada começamos com um exemplo de dissonância cognitiva, termo na moda posto ser um diagnóstico possível para as atitudes dos “patriotas” que destruíram prédios em Brasília.
Imagine o caso: um amigo seu pede para ajudá-lo na mudança de casa. Em nome da amizade, você vai. E se ele te oferece, digamos, R$ 20? Você provavelmente ficará ofendido. Existe a história do rapaz que vai jantar na casa da namorada e, no final, saca o talão de cheques e pergunta com quanto deve contribuir. Há coisas que fazemos de graça, mas não aceitamos quando alguém quer nos pagar.
Nos dois casos está explícita a ideia que o capitalismo nos colocou: “tempo é dinheiro”. Quando fazemos planos, precisamos quantificar quanto tempo+dinheiro precisamos juntar para gastar com uma compra (dinheiro) ou viagem (tempo+dinheiro).
Nos casos não temos quanto quantificar o valor, tanto para cobrar um valor adequado, quanto para aceitar um valor ofertado.
Na dissonância cognitiva, instintivamente, sabe-se que não é possível a correlação (valor-mudança, valor-jantar, acampar-golpe militar etc), mas aceitam o impossível por ser ordem, que só pode partir de uma autoridade, direta ou indiretamente.
Na próxima coluna: a figura da autoridade.
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Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente