Dívida da Grécia socorre bancos que quebraram o país
A reestruturação financeira anunciada pela Grécia é, na verdade, um programa de socorro aos bancos que, após terem promovido uma megaoperação especulativa no país, se viram a beira de um colapso ainda maior caso fosse decretada uma moratória.
Os credores privados aceitaram transformar os títulos podres, sem valor no mercado, por outros, nominalmente menores, mas com garantia do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE).
Com isso, a Grécia deve agora 130 bilhões de euros para o FMI/BCE, sendo que 30 bilhões vão, como um adiantamento emergencial, para os especuladores.
E os credores privados foram agraciados com outra notável vantagem: os novos títulos, ao invés de atenderem à legislação grega como antes, terão em caso de litígio um tribunal de Londres como foro. O que visa proteger os bancos de perdas no caso eventual de uma saída da Grécia da zona do euro.
A situação da dívida grega continua insustentável, ficando em 140% do PIB. Na melhor das hipóteses, cairia para ainda insustentáveis 120% do PIB, mas há um risco grande, devido à depressão econômica que os pacotes de arrocho imposto pelo Fundo e pelo Banco Central impõem, de que a dívida volte a 160% do PIB.