Dólar facilita importação e indústria tem pior resultado desde 2009

A forte concorrência de produtos importados, aliado aos altos estoques, derrubaram a produção industrial de junho, que registrou queda de 1,6% ante o mês anterior. Foi o segundo resultado negativo do ano, na comparação com os 30 dias anteriores.

No fechamento do segundo trimestre, a indústria recuou 0,7% ante os três meses imediatamente anteriores, o que revela uma diminuição no ritmo da produção.

Com isso, a produção industrial acumulou expansão de 1,7% nos seis primeiros meses, ante igual período no ano anterior. Trata-se do pior resultado para um semestre desde a segunda metade de 2009, quando a indústria ainda apresentava queda decorrente dos efeitos da crise econômica que explodiu em 2008.

“O primeiro trimestre mostrou um ritmo forte. Com o aumento da importação de alguns produtos, somado aos altos estoques e a redução da demanda interna pelas medidas do governo, tivemos um segundo trimestre mais tímido”, afirmou André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na avaliação do especialista, a indústria vem apresentando um ritmo irregular, mas a magnitude das reduções vem sendo mais intensa do que quando os resultados são positivas.

Em abril, a produção industrial havia caído 1,2%, mas se recuperou no mês seguinte, com alta de 1,1%.

Macedo explicou que houve queda mais generalizada na produção de junho, devido, especialmente, à maior penetração de produtos importados, com a desvalorização do dólar. Setores mais sensíveis à concorrência externa, como têxteis, calçados e vestuário, foram os mais afetados. Eles estão incluídos no ramo de semiduráveis e não duráveis, que teve a retração mais acentuada (-2,4%) entre as categorias de uso.

Alguns segmentos tiveram paralisações que contribuíram para o resultado negativo de junho, seja por motivos técnicos ou pelos altos estoques aliados à demanda menor.

“O ramo automotivo e o setor siderúrgico estão com estoques elevados, de acordo com informações que colhemos com algumas associações”, observou Macedo.

Da Folha Online