Dominguetti reafirma pedido de propina do Ministério; depoimento é visto como tática do governo na CPI da Covid
A participação do policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, foi vista como plantada pelo governo Bolsonaro na CPI da Covid, ontem. Durante seu depoimento, ele tentou atribuir a intermediação da compra de vacinas ao deputado Luis Miranda (DEM-DF), mas foi desmentido.
Dominguetti foi convocado à CPI da Covid após afirmar que o Ministério da Saúde pediu propina de US$ 1 para acertar a compra da vacina AstraZeneca. Ele confirmou o caso na oitiva e atribuiu o crime ao ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias.
Entretanto, apresentou um áudio contra Miranda, que revelou, na última sexta-feira, 25, outra denúncia de um suposto esquema de corrupção no governo Bolsonaro na compra da Covaxin, com possível prática de prevaricação por parte do presidente.
O deputado Luis Miranda desmentiu a versão de Dominguetti e disse que o áudio tratava da venda de luvas. A informação foi confirmada por outro representante da Davati Medical, Cristiano Alberto Carvalho, ao jornal O Globo.
Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a apreensão do celular do empresário. O aparelho telefônico foi encaminhado para perícia.
Senadores da base governista, inclusive Flavio Bolsonaro (Patriota-SP) defenderam o depoimento de Dominguetti que, em tese, seria ruim ao presidente Jair Bolsonaro.
Quem é Dominguetti?
Cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, ele trabalhou no gabinete militar do governador Romeu Zema (Novo), mas ficou na função apenas 15 meses, entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020.
A Davati Medical Supply informou que Dominguetti é um “vendedor autônomo”, sem vínculo empregatício com a empresa, e negou ter convênio para venda da AstraZeneca. Também por meio de nota, a AstraZeneca afirmou que não tem um intermediário no Brasil. O cabo disse à Folha que a empresa só não fechou negócio porque não concordou em pagar propina.
Com informações da Rede Brasil Atual e da CUT.