Dorothy Stang: Fazendeiros serão julgados em março, falta agora condenar os fazendeiros

A condenação dos assassinos de Dorothy Stang, baleada pelas costas em fevereiro, em Anapu (PA), confirma que o crime foi de encomenda, o que configura um fator importante para condenar também os fazendeiros acusados como mandantes.

Os assassinos da freira, Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Batista, o Eduardo, pegarão 27 e 17 anos de cadeia.

Para a acusação, a principal vitória no processo foi o reconhecimento, por parte do tribunal do júri, de que os pistoleiros agiram sob promessa do pagamento. O crime teria sido encomendado por R$ 50 mil.

Este fator, acredita o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso, é fundamental para reforçar a acusação contra os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, como mandantes, e contra Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que teria intermediado o crime. O três estão presos e o julgamento poderá ser em março.

Alívio e preocupação

A condenação dos assassinos foi recebida com alívio pelos movimentos sociais e ONGs que trabalham no Pará com questões fundiárias, ambientais e de direitos humanos.

A presença dos irmãos de Dorothy, representantes da ONU e do governo federal, bem como a pressão internacional, fizeram com que o assassinato de Dorothy fosse julgado em tempo recorde em se tratando da justiça do Pará.

Por outro lado, a situação dos trabalhadores, dos conflitos agrários e das ameaças de morte continuam sem solução.

Seis lideranças foram assassinadas no Pará depois de Dorothy, em crimes que continuam sem solução, e mais de 50 pessoas estão sob ameaça de morte no Estado, segundo a CPT.