Dupla jornada ajuda a desvalorizar salário da mulher
Estudo do Centro Internacional de Pobreza mostra que a diferença salarial entre os sexos é ocasionada pela maior preocupação das mulheres com a criação dos filhos e com a casa.
A largada da maratona é
na ponta dos pés. Isso, para
não acordar ninguém ao sair
da cama. Em seguida, já é
hora de preparar a comida
para os filhos, lavar e estender
as roupas, acordar todo
mundo, lavar a louça, arrumar
a casa e ir trabalhar.
No final do dia, além do
cansaço e das preocupações
profissionais, começa tudo
outra vez, mas sem esquecer
da educação dos filhos.
Essa é a rotina que milhares
de mulheres enfrentam
e que, por ela, mereceriam
premiações. Mas, a
realidade é contrária, o final
do mês vem com uma dura
punição para essas batalhadoras.
Estudo realizado pelo
Centro Internacional de
Pobreza, publicado este
mês, mostra que a diferença
salarial entre os sexos é
ocasionada pela maior preocupação
das mulheres com
a criação dos filhos e com
a casa.
O trabalho Diferenças
Salariais por Gênero ao Longo
da Vida Laboral investigou
a diferença entre a média
salarial por hora de homens
e mulheres ao longo
da vida profissional em três
países, África do Sul, Brasil
e Tailândia, já descontados
fatores como escolaridade,
localização geográfica e cor.
Os autores são os economistas
indiano Nanak Kakwani e
a sul-coreana Hyun H. Son.
Eles observaram que no
Brasil e na Tailândia o salário
médio das mulheres chega a
ser maior que o dos homens
entre os 15 e 25 anos (no
caso brasileiro, elas recebem
cerca de 10% a mais).
A partir dos 26 anos, os
homens passam a receber
mais e a diferença aumenta
até a faixa de 46 a 55 anos.
Já na África do Sul a desvantagem
do salário feminino é
constante.
“As mulheres escolhem
sacrificar as suas carreiras
profissionais quando têm
filhos, o que leva a uma redução
dos ganhos nas suas
profissões”, afirmam os
economistas. “Assim, as diferenças
salariais por gênero
no mercado de trabalho derivam
da divisão das tarefas
em casa, já que as mulheres
são as principais responsáveis
pelo cuidado com os
filhos.”
Os governos e empresas
“podem subsidiar creches
como forma de reduzir
as diferenças de oportunidades
no trabalho e aumentar a
produtividade das mulheres
no mercado de trabalho”,
sugere o estudo.
Esse tipo de ação pública
pode contribuir para a
redução dos diferenciais salariais
por gênero durante a vida
profissional”, completa.