“É hora de reconquistar a democracia, de reconquistar nossos direitos”
Diretoria Plena do Sindicato ao triênio 2023-2026 tomou posse no domingo, dia 23. O trabalhador na Mercedes, Moisés Selerges, é o 14° presidente da entidade
O último domingo, dia 23, foi de festa para os Metalúrgicos do ABC. O sol coroou do início do dia ao entardecer a celebração de posse do presidente do Sindicato, Moisés Selerges, e de toda a Diretoria Plena ao triênio 2023-2026, na Estância Alto da Serra, em São Bernardo.
A atividade teve início às 9h com a entrega das carteirinhas aos 155 CSEs (Comitês Sindicais de Empresas) e seis no CSA (Comitê Sindical de Aposentados) eleitos em março deste ano. Em abril, no 2º turno, foram eleitos o presidente, o Conselho da Executiva da Direção e o Conselho Fiscal.
No ato político à tarde, Moisés agradeceu a sua família e todos os presentes na data festiva. “Agradeço também a nossa gloriosa categoria e militância, que fez e faz história todos os dias e a Direção Plena, que toma posse”, afirmou Moisés, trabalhador na Mercedes, que segue na luta à frente da entidade como o 14° presidente.
Moisés destacou as três principais engrenagens para o seu mandato. “A primeira é intensificar a relação com nossa base. Sabemos do mundo tecnológico de hoje e das redes sociais, que são importantes, mas nada substituiu o contato, o bom dia e o olho no olho. Para nós, não importa se estamos em uma montadora ou em uma pequena empresa. Estar nas portas das fábricas no início de cada jornada, trocando essa energia constante, é o que alimenta nossa luta”.
Protagonismo
“A segunda engrenagem é o protagonismo. Este Sindicato sempre forjou propostas para o Brasil, o que também nos remete a cobrar do governo políticas que favoreçam a classe trabalhadora e os mais pobres. Os sindicatos nasceram com o objetivo de contestar patrões e governos. Disso não abriremos mão. Queremos a distribuição da riqueza porque somos nós, trabalhadores e trabalhadoras, que a produzimos”, disse.
“Nos últimos seis anos, o movimento sindical foi massacrado. Nos tiraram direitos e, na reforma da Previdência, o direito de aposentar. É urgente uma legislação que garanta a dignidade da classe trabalhadora”.
A terceira engrenagem tem como base a mudança geracional. “Sou o último de uma geração. É necessário que este Sindicato pense quem estará aqui lá na frente. A formação é um investimento que o Sindicato fará fortemente. Precisamos que essa luta continue”.
“É hora de reconquistar a democracia, de reconquistar nossos direitos”, concluiu.
Origem
O presidente Lula participou do evento acompanhado da primeira-dama, Janja. Lula parabenizou Moisés e toda a Direção do Sindicato. “Meu compromisso é com o povo trabalhador deste país”.
O presidente lembrou o papel histórico dos Metalúrgicos do ABC e também dos Bancários na criação do PT. “São sindicatos que ajudaram a criar um partido político e fazer com que um metalúrgico, saído daqui, conseguisse ser presidente da República”, disse ao lembrar sua origem.
Lula declarou que irá dedicar o tempo que resta no Palácio do Planalto a melhorar a vida dos brasileiros. As prioridades devem ser a geração de empregos, o incremento do salário e a expansão do poder aquisitivo.
Durante o show principal, Lula se emocionou ao acompanhar do palco Maria Rita cantando “Como Nossos Pais”, música composta por Belchior e gravada por Elis Regina. Também se apresentaram Almirzinho, Grupo Sem Exceção e os cantores Aimé e Leandro Souza.
Lideranças
Estiveram presentes os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Márcio França (Portos e Aeroportos), Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania) e Chico Macena, representando Luiz Marinho (Trabalho e Emprego).
O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira, destacou que, além da luta do dia a dia, é importante comemorar os momentos históricos. “Em nome de toda nossa direção, deixo o agradecimento aos dirigentes presentes e a seus familiares, e reafirmamos o compromisso da nova direção do Sindicato na defesa dos direitos, dos empregos e da democracia. A luta é muito importante, mas temos que comemorar e confraternizar para que as energias estejam sempre carregadas”.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, representou o conjunto das centrais sindicais e sindicatos no ato. “Tenho certeza que os próximos anos serão um período de recuperação de direitos da classe trabalhadora e de reindustrialização da região e do país. Moisés, na sua caminhada, conte com a CUT e todas as centrais sindicais”.
A presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, disse que não tinha outro lugar para estar que não a posse. “Este Sindicato combativo, guerreiro e lutador fez a diferença no Brasil. É importante fortalecermos os sindicatos e discutirmos, na revisão da reforma trabalhista, o papel dos sindicatos, que organizam os trabalhadores e lutam por direitos”.
O ministro-chefe da Secretária-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, reforçou a alegria de estar na casa política onde nasceu o maior líder popular da história do Brasil. “As greves do final da década de 70 e início da década de 80, as ações e o movimento mudaram definitivamente a história do movimento sindical brasileiro e a história política do nosso país”, disse. E reforçou o trabalho pela retomada dos direitos. “Nesses primeiros seis meses de governo, nunca se fez tanto. Este é o país que voltou”.