É injusto pobres pagarem custo da especulação, diz Lula
Para o presidente, o enfrentamento da crise e a correção de rumo da economia mundial "não poderiam ficar apenas a cargo dos (países) de sempre"
Em discurso feito na abertura da 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (23) que os países desenvolvidos e os organismos multilaterais “foram incapazes de prever a catástrofe que se iniciava e, menos ainda, de preveni-la”. Lula destacou que não é justo que o custo da “aventura especulativa seja assumido pelos que nada têm a ver com ela: os trabalhadores e as nações pobres ou em desenvolvimento”.
Para o presidente, o enfrentamento da crise e a correção de rumo da economia mundial “não poderiam ficar apenas a cargo dos (países) de sempre”. “Os efeitos da crise se espalharam por todo o mundo, golpeando inclusive, e sobretudo, aqueles que há anos vinham reconstruindo suas economias com enormes sacrifícios.”
O presidente aproveitou a tribuna para lembrar o que já havia dito em outras ocasiões na Organização das nações Unidas (ONU), quando “afirmou que era chegada a hora da política”. Há exatamente um ano, continuou o presidente, no limiar da crise que se abateu sobre a economia mundial, “afirmei desta tribuna que seria um grave erro, uma omissão histórica imperdoável, cuidarmos apenas das consequências da crise sem enfrentarmos as suas causas”. Para o presidente, o que faliu foi um insensato modelo de pensamento e de ação que subjugou o mundo nas últimas décadas.
Com a crise, Lula observou que o que “caiu por terra foi toda uma concepção econômica, política e social tida como inquestionável”. “Mais do que a crise dos grandes bancos, essa é a crise dos grandes dogmas”, criticou. O que faliu, prosseguiu ele, “foi a doutrina absurda de que os mercados podiam autorregular-se, dispensando qualquer intervenção do Estado, considerado por muitos um mero estorvo”. “Foi a tese da liberdade absoluta para o capital financeiro, sem regras nem transparência, acima dos povos e das instituições. Foi a apologia perversa do Estado mínimo, atrofiado, fragilizado, incapaz de promover o desenvolvimento e de combater a pobreza e as desigualdades. A demonização das políticas sociais, a obsessão de precarizar o trabalho, a mercantilização irresponsável dos serviços públicos”, enumerou.
Na avaliação feita por Lula na ONU, a verdadeira raiz da crise foi “o confisco” de grande parte da soberania popular e nacional por “circuitos autônomos de riqueza e de poder”.
Da Agência Estado