E se não tivesse o Estado?

Na visão neoliberal dos tucanos, choque de gestão na administração federal significa enxugar o Estado e deixar que o mercado cuide de nossas vidas. Como lembrou Guido Mantega, ministro da Fazenda, Alckmin fala muito em cortar os gastos públicos, mas não explica o que quer dizer com isto. Façamos nós a tradução: quando o candidato do PSBD/PFL fala em cortar despesas, entenda-se reduzir o orçamento do Bolsa-Família, da saúde, da educação e de  investimentos públicos em áreas como energia, comunicações, saneamento básico etc. A visão de enxugamento já provocou a tragédia dos oito anos de FHC. O Brasil não precisa de um gerente, mas de sensibilidade social.

Só o Estado social acaba com  a miséria

Para dar choque de gestão ou fazer um gerenciamento eficiente, o tucano Alckmin diz ser preciso enxugar o Estado. Enxugar o Estado é tirar dinheiro do social e perpetuar a pobreza

No Brasil, os 10% mais ricos da população são donos de 46% da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres, cerca de 87 milhões de pessoas, ficam com apenas 13,%.

Dos alunos de 7 a 14 anos que frequentam a escola, menos de 70% concluem o ensino fundamental.

A pobreza no Brasil não tem como causa a falta de recursos, mas sim a desigualdade social, consequência de um processo de concentração de poder, de negação de direitos à população e de péssima distribuição que vinha se perpetuando por décadas a fio.

É essa desigualdade que faz com que 55 milhões de brasileiras e brasileiros ainda vivam na pobreza, sendo que 22 milhões deles sejam muito pobres.

“As políticas de superação da pobreza têm que enfrentar a redistribuição dos recursos disponíveis à sociedade. E para isso é preciso vontade política”, disse o antropólogo Jorge Romano, da ActionAid Brasil, entidade que atua na superação da pobreza.

Ele afirmou que não adianta apenas se buscar o desenvolvimento econômico, mas também um enriquecimento social, com os carentes tendo acesso às oportunidades e também participação nas decisões.

Para a professora Lena Lavinia, da Universidade Federal do Rio, é preciso consolidar mecanismos de distribuição de renda, uma vez que a economia de mercado trabalha para criar desigualdade.

Ela disse que os governos precisam se esforçar no sentido de enfrentar a pobreza e, ao mesmo tempo, combater a desigualdade social que a causa.

“Isso só será possível com a efetiva implantação de um Estado voltado ao social, sendo sustentado por uma produção solidária que garanta qualidade de vida, justiça e proteção aos direitos humanos da população”, disse Romano.

Aumentam as ações para inclusão social

Ao dirigir também a ação do Estado para camadas mais desfavorecidas da população, o governo federal inciou um ciclo de distribuição de renda com vistas a reduzir as desigualdades sociais.

O volume de recursos transferidos para famílias carentes cresceu 36% nos últimos quatro anos.

O Fome Zero, um dos maiores programas sociais do mundo, integra ações de combate à fome, distribuição de rend