Economia solidária: Alternativa à pobreza
Se houvesse organização no local de trabalho, os problemas enfrentados pela Parmalat poderiam ter um desfecho mais favorável aos trabalhadores. Ou seja, eles poderiam assumir a empresa. Quem diz isso é Maurício Mirri, presidente da Efeso, um instituto que assessora empreendimentos gerenciados pelos próprios trabalhadores, como as cooperativas. Ele está no Brasil acompanhando os convênios firmados entre o instituto e as cooperativas de produção associadas à Unisol (entidade que reúne as cooperativas apoiadas pelo Sindicato). Os convênios são basicamente na área de formação.
Mirri afirma que a Parmalat enfrenta um problema financeiro e não de produção, o que facilitaria transformar a empresa numa cooperativa de trabalhadores. “Isso afastaria a ameaça de uma demissão”, afirmou.
Segundo ele, a chamada economia solidária tem amplo espaço para crescer no Brasil, porque é uma alternativa para o País sair da pobreza e oferecer uma saída para os desempregados. “É uma forma de se pensar numa economia legitimamente brasileira, que não tenha tanta dependência do capital estrangeiro”, explicou, voltando ao exemplo da Parmalat que, para sair da crise, terá de receber quantias enormes de dinheiro.
Espaço
Na região da Emilia Romana (Noroeste da Itália), Mirri conta que o sistema de cooperativas dá emprego a cerca de 123 mil pessoas dos quatro milhões de moradores. São duas mil empresas cooperativadas em várias áreas e que proporcionam uma renda média anual de R$ 60 mil a cada cooperado. “São muitas as vantagens do trabalho em uma cooperativa em relação a um emprego no mercado. Na cooperativa, a proteção social é maior, você consegue estabilidade e tem a possibilidade de um dia comandar a empresa”, explica.
Na Itália o cooperativismo legítimo existe há mais de 100 anos e ocupa o quinto lugar em importância econômica.