Economia solidária em família: As cooperativas são de todos
Toda sexta-feira um grupo de familiares dos cooperados na Uniforja, em Diadema, passa parte do dia na fábrica. Lá conhece como são feitos anéis, conexões, como se tempera o aço e sabe como seus maridos, filhos ou pais trabalham.
As visitas fazem parte de um programa que a Uniforja desenvolve, buscando ampliar a participação de um maior número de trabalhadores na gestão das cooperativas. “A cada dia tomamos decisões e elas dependem cada vez mais do coletivo. Por isso, é importante fazer a família participar para que ela, por sua vez, estimule a participação do cooperado”, explica José Domingues, presidente da Uniforja, que acompanha todas as visitas.
Segundo ele, boa parte dos trabalhadores, hoje cooperados, não conseguiriam ter suportado atravessar os períodos duros entre a falência da ex-Conforja e a constituição das cooperativas sem o apoio de suas famílias.
>> Força de vontade
“Acreditei na luta deles (dos cooperados)”, disse Marlene Ferreira Pires, que tem o marido e um filho na Uniforja. Foi a primeira vez que ela entrou na fábrica e percebeu que as coisas estão melhorando. “Antes eles trabalhavam três dias por semana. Agora chegam a trabalhar até de domingo. Vejo a força de vontade”, acrescentou.
Essa também é a opinião de Francisca Maria da Silva Flores, que ficou meio apreensiva quando o marido, o operador de máquinas, Francisco de Jesus Flores, chegou com a proposta de formação da cooperativa. “Acho que as coisas vão bem”, verificou.
O operador de torno vertical, Rafael Vale de Lima, afirmou que a família teve um papel importante e seu apoio foi decisivo para aceitar o desafio de montar a cooperativa. “A gente tinha que tentar”, lembrou sua esposa, Maria das Dores Rezende de Lima, que também esteve na fábrica na última sexta-feira em companhia das duas filhas. “Só imaginava que o serviço dele fosse mais fácil”, conta Maria das Dores.