Economia solidária: Unisol inaugura programa federal

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, lançaram sexta-feira última, na Uniferco, em Diadema, o projeto Ação de Apoio a Empresas Recuperadas. Trata-se de parceria em que o governo federal entrará com R$ 1,4 milhão para a Unisol (União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Social do Brasil) e a Anteag (Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão) empregarem em iniciativas que fortaleçam a economia solidária.

Projeto federal lançado em Diadema

O projeto Ação de Apoio a Empresas Recuperadas tem como objetivo promover iniciativas dos trabalhadores nas empresas que faliram e foram recuperadas por eles ou nas fábricas que estão em crise e prestes a serem assumidas.

O projeto vai alcançar 139 empresas, beneficiando diretamente 10.500 trabalhadores, gerando trabalho e renda, promovendo justiça social e econômica através da economia solidária, além de promover a inclusão no mercado de trabalho e organização produtiva dos trabalhadores.

A Secretaria de Economia Solidária dará assessoria técnica e política aos empreendimentos em fase de recuperação por meio de cursos, oficinas, seminários de capacitação e sensibilização; acompanhamento dos empreendimentos; e promoção de trocas entre os trabalhadores das empresas em recuperação e as já saneadas.

Trabalhador reconstrói

Marinho classificou o projeto de modesto, mas destacou que é o início de um processo que vai crescer a cada ano até criar as condições efetivas para desenvolver uma economia solidária de grande porte no Brasil, como já acontece na Itália ou Espanha.

“Vamos transformar em realidade o sonho de um mundo baseado nos valores da solidariedade”, afirmou. O ministro lembrou que já existem 409 empreendimentos solidários no Brasil, envolvendo diretamente 37.200 trabalhadores e gerando renda de cerca de R$ 750 milhões por ano.

“É uma mostra que os trabalhadores são capazes de recuperar empresas que os capitalistas quebraram”, prosseguiu. “Anos atrás, esses companheiros não tinham qualquer apoio oficial para sua imensa tarefa de reconstruir uma empresa”, disse Marinho. “Mas agora vamos reconstruir muito mais porque é uma determinação do presidente Lula, um verdadeiro apaixonado por economia solidária”, garantiu o ministro.

Para encerrar, lembrou que este tipo de projeto incomoda poderosos interesses econômicos. “Os patrões nunca irão admitir que um trabalhador pode dirigir um empreendimento com sucesso. Por isso falam em crise no País. Porque um de nossos companheiros está comandando o Brasil com sucesso, gerando emprego, construindo as bases de uma economia sólida. Esse não é um País em crise”.

Iniciativa tem que ser divulgada

O lançamento ocorreu na sede da cooperativa Uniferco, que é um modelo de empresa reconstruída pelos metalúrgicos com orientação da Unisol após o fechamento da metalúrgica Moferco. São 41 companheiros e a cooperativa fatura cerca de R$ 150 mil por mês. A renda média deles é de R$ 600,00.

O presidente da Uniferco, Antonio Pires Soares, o Toni Ramos,  recordou que, em pouco mais de dois anos, a cooperativa passou de fábrica falida para empresa com ISO 9000 e certificado de produto.

“Nossos concorrentes estão há anos na praça e não conseguiram isso. E depois falam que trabalhador não sabe administrar. Sabe sim. Tanto que o presidente da República e o ministro do Trabalho são trabalhadores”, afirmou Toni Ramos.

Já o presidente da Unisol, Cláudio Domingos da Silva, destacou que o projeto completava um ciclo iniciado quando Lula, ainda sem ocupar a Presidência da República, sugeriu ao Sindicato dos Metalúrgicos acompanhar os passos da economia solidária.

Para o secretário Paul Singer a tarefa agora é difundir as possibilidades de recuperação das empresas através da economia solidária.