Ecopolítica e desenvolvimento
Corremos o risco de, em
nome da proteção ambiental,
perpetuar uma situação
de exploração e degradação
da vida dos mais pobres, que
se intensificou a partir da
revolução industrial, há dois
séculos, e, ainda hoje, apesar
dos avanços tecnológicos
e sociais, coloca no submundo
a vida de milhões de
trabalhadores no mundo
todo.
Sustentabilidade e miséria – Qualquer projeto de
preservação ambiental estará
fadado ao insucesso se
não levar em conta o desenvolvimento
sócio cultural
das comunidades envolvidas
e oferecer alternativas vantajosas
de trabalho e renda.
Apesar de esta ser uma
afirmativa indiscutivelmente
correta, é preciso entender
que isso não significa
degradar, ainda mais a vida
das pessoas, oferecendo a
elas trabalhos insalubres,
degradantes e desumanos e
que, acima de tudo, mantém
o odioso processo de discriminação
pelo trabalho.
Exemplos não faltam – Fundamental para reduzir
o aquecimento global
e para o desenvolvimento do
Brasil, a troca de petróleo
por combustíveis limpos
como o etanol exige uma
urgente solução para o trabalho
no corte de cana.
Esse trabalho é, na
maioria dos casos, temporário,
perigoso e inseguro, degradante
da saúde pela exposição
ao sol, chuva e animais
peçonhentos, comida
fria e de baixo valor nutritivo,
transporte sub-humano,
metas absurdas de produtividade
para conseguir um
ganho um pouco maior, moradias
miseráveis e falta de
acesso à saúde educação e
saneamento.
Lixo também – A coleta e reciclagem
do lixo, igualmente, não podem
se dar às custas de miseráveis
mulas humanas, puxando
como animais carrinhos
pela ruas das cidades,
nem de mulheres e crianças
sobrevivendo da disputa do
lixo com ratos e urubus.
Se não tivermos uma
alternativa socialmente justa
para a questão ambiental,
vamos assistir a direitalha
preservando seus paraísos
ecológicos às custas da miséria
da maioria dos trabalhadores.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente