Editorial: Não à perda de direitos
Muito nos surpreendeu a fala atribuída ao presidente Lula que, em jantar com jornalistas na última quarta-feira, em Brasília, teria defendido a flexibilização das leis trabalhistas.
Nós, metalúrgicos do ABC, lutamos a vida inteira para que um dia um trabalhador assumisse a Presidência da República e consideramos a eleição do presidente Lula uma vitória. Queremos deixar claro que fizemos isso para que o País implemente medidas que melhorem as condições de vida, diminuam a desigualdade e a injustiça social.
Até entendemos que o presidente Lula tenha de tomar medidas duras para acabar com o caos e o desgoverno desses 502 anos nos quais o Brasil foi governado pela elite brasileira. No entanto, para nós, o crescimento econômico do País não está atrelado à perda de direitos dos trabalhadores.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não admite, em nenhuma hipótese, colocar o debate sobre flexibilização de direitos. A nossa forma de ajudar o governo a dar certo é lutar para que medidas positivas tenham apoio da população e as negativas, ou equivocadas, não prosperem. A flexibilização de direitos trabalhistas é negativa. Como sempre fizemos, lutaremos quando nossos direitos forem ameaçados.
Queremos fazer primeiro a reforma sindical para que possamos fortalecer o papel dos sindicatos, transformá-los em entidades representativas para lutar pelos direitos dos trabalhadores. Para isso, o Fórum Nacional do Trabalho, que reúne membros do governo, centrais sindicais e empresários, já elaborou algumas propostas e está preparando o anteprojeto de Lei que será encaminhado ao Congresso para votação ainda este ano. Entre elas, o fim da cobrança do imposto sindical, das taxas assistencial e confederativa, organização no local de trabalho, sindicato nacional e contratação coletiva. A reforma trabalhista – que não é uma reforma para rifar direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora – discutiremos em 2005.
A diretoria