Educação libertadora

Na semana passada, abordamos nesta coluna a educação, analisando uma de suas vertentes autoritárias, conceituada por Paulo Freire como educação bancária.

Esta tradição, infelizmente, está presente na maioria das escolas públicas e privadas, assim como em espaços alternativos onde se desenvolve a educação dos trabalhadores.

Nela, a relação entre o educador e o educando (professor e aluno) é marcada por características que reproduzem e acentuam as relações de dominação e de exclusão existentes na sociedade: o educador é quem sabe, quem conhece e transmite esse conhecimento ao educando; o educando recebe o conhecimento e o armazena; esse conhecimento nem sempre tem relação com sua vida real.

Ao fazer a crítica a esta visão de educação, Paulo Freire desenvolveu os fundamentos do que veio a chamar de educação libertadora.

Ele parte do pressuposto de que todo ser humano produz conhecimento ao se relacionar com os outros e com o mundo. O conhecimento é construído nesse processo interativo.

Nele, sempre se aprende e se ensina. Em outras palavras, a relação entre educador e educando se dá, fundamentalmente, através do diálogo.

O educador reconhece e respeita os saberes do educando. O educando, partindo de sua curiosidade espontânea, questiona, é questionado, tem acesso a outras informações, interage com os colegas e com o educador na busca de respostas para suas dúvidas, pesquisa e organiza as informações até encontrar uma explicação coerente e crítica para a questão que despertou sua curiosidade inicial.

Esse processo, como afirma Paulo Freire, “provoca novas compreensões de novos desafios, que vão surgindo no processo da resposta (…) Assim é que se dá o reconhecimento que engaja”.

Ao percorrer esse caminho, terá desenvolvido o conhecimento necessário para intervir em sua própria realidade e transformá-la.

A educação se torna, dessa maneira, “uma prática para a liberdade”.

Departamento de Formação