Educação libertadora e o papel do educador
Na coluna passada falamos sobre o significado político da
educação popular. Quando se fala de educação popular no Brasil, refere-se não
apenas a uma linha diferente e criativa de prática educacional
desenvolvida nos anos 70 e 80 junto aos movimentos populares, mas de um
movimento que contestou a política de educação e o regime ditatorial vigentes
neste período.
A análise do papel do educador, que leva para a sala de aula sua concepção de
educação, nos ajuda a compreender melhor as diferenças existentes entre a
educação autoritária dominante neste período e a educação libertadora
nascida no âmbito dos movimentos populares.
Na linha autoritária de educação, o educador assume um papel proeminente. É
ele quem educa, quem conhece a fundo os conteúdos, quem monopoliza a palavra ao
transmitir o saber ao educando, quem se limita a ouvi-lo de forma disciplinada e
atenciosa.
Prática para a liberdade
A educação popular, baseada nos ensinamentos de Paulo Freire, se contrapõe a
esta prática autoritária, fazendo da ação pedagógica uma prática para a
liberdade. Reconhecendo e valorizando os saberes do aluno, o educador desperta
sua curiosidade sobre questões que desafiam sua compreensão do mundo em que
vive.
Através do diálogo, da investigação e do trabalho em grupo, um novo saber vai
surgindo na sala de aula, como síntese de uma reflexão coletiva e democrática.
Nesse processo, o educador cumpre o papel de mediador, que orienta, que
compartilha sentimentos, que ajuda a criar um ambiente de relações simétricas,
que questiona resultados e instiga constantemente a reflexão crítica, voltada
para a superação dos problemas e desafios encontrados no dia-a-dia.
Departamento de Formação