Eleição na Câmara: Severino Cavalcanti é o novo presidente
Em uma das mais tumultuadas eleições dos últimos tempos, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito ontem pela manhã o novo presidente da Câmara Federal, com os votos de 300 dos 498 parlamentares presentes (são 513 no total).
Sua vitória foi uma completa surpresa pois era um dos menos cotados entre cinco candidatos. Cavalcanti venceu, basicamente, graças a promessa de elevar os salários dos deputados.
Contribuiu também a insistência do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) em manter sua candidatura, mesmo após o PT ter definido Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) como indicado oficial. Greenhalgh recebeu 195 votos, apesar da base do governo na Câmara contar com 260 deputados. O PT não ocupará nenhum cargo na Mesa Diretora.
Foi a primeira vez que um candidato avulso, que sequer contou com o apoio do próprio partido, venceu a eleição. Também é inédito o maior partido da Câmara – atualmente, o PT – não ter eleito o presidente.
O cargo é extremamente importante, pois nas mãos do presidente está o poder de determinar a pauta da Câmara e controlar todas as votações da Casa.
Conheça o eleito
Diferente de Greenhalgh, que apresentou uma plataforma de campanha com 21 itens, Cavalcanti, de 74 anos, construiu sua candidatura com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições financeiras e de atuação dos colegas.
Com forte influência no chamado baixo clero – parlamentares sem grande expressão mas que constituem a maioria da Câmara -, o deputado pernambucano tentava a presidência da Casa há oito anos.
Ele foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, pela UDN, partido que apoiou a ditadura. Em 1966, entrou para a Arena, o partido de sustentação dos militares. Em 1980, foi para o PDS – então liderado por Paulo Maluf. Participou, sucessivamente, do PDC, PL, PPR, PFL e PPB, onde permaneceu até o partido mudar o nome para PP e voltar às mãos de Maluf.