Em 2040, população idosa vai superar número de jovens
Brasil terá que repensar políticas públicas para dar qualidade de vida aos idosos
O Brasil está oficialmente ficando mais velho. Entre os anos de 1992 e 2009, a participação de idosos na população brasileira passou de 0,9% para 1,6%. Embora o percentual seja baixo, fala-se de 2,9 milhões de pessoas com 80 anos e mais. No entanto, o que mais impressiona vai ocorrer apenas por volta de 2040: o número de pessoas com mais de 50 anos vai superar os indivíduos de 0 a 30 anos, de acordo com análise divulgada nesta segunda-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE).
– O envelhecimento populacional é, hoje, um fenômeno mundial, mas no Brasil ocorre de forma acelerada – afirma a técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, Ana Amélia Camarana.
Com 80% do Censo concluído, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já conseguiu traçar parte do retrato do país e apontou que o país está mais velho e com famílias menores.
Segundo Ana Amélia, o envelhecimento populacional é resultado da manutenção por um período razoavelmente longo de taxas de crescimento da população idosa superiores às da população mais jovem. Ou seja, as pessoas estão vivendo muito mais tempo enquanto o número de nascimentos está caindo.
Além do envelhecimento da população total, a proporção da população “mais idosa”, de 80 anos e mais, está aumentando também, alterando a composição etária no próprio grupo, ou seja, a população idosa também envelheceu. O resultado, de acordo com o levantamento, mostra que em 2040 a camada chamada de “idosa” terá pessoas de 60 a 100 anos de idade.
O processo de envelhecimento é muito mais amplo do que uma modificação de pesos de uma determinada população, já que altera a vida dos indivíduos, as estruturas familiares, a sociedade etc. Altera, também, a demanda por políticas públicas e a pressão pela distribuição de recursos na sociedade.
Essa nova realidade, segundo Fernando Arbache, professor de logística e infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), deverá vir acompanhada de nova mentalidade para receber esse contingente de forma adequada.
– É preciso mudar como as instituições públicas e privadas enxergam os idosos, principalmente em termos de políticas públicas. Se compararmos com o passado, o Brasil já melhorou bastante nas questões á acessibilidade, pois hoje já sabemos que é preciso conceder serviços já pensando nos deficientes e nos idosos, mas se compararmos com outros países, como Chile, Austrália, Nova Zelândia, Irlanda e Canadá, ainda temos um longo caminho a percorrer.
Por isso, de acordo com a técnica do Ipea, suas consequências têm sido, em geral, vistas com preocupação, por impor desafios ao Estado, ao mercado e às famílias.
– O primeiro desafio é certamente a questão previdenciária já que com mais idosos será preciso ter mais dinheiro para garantir a aposentadoria a todos. Uma segunda mudança importante que vai ocorrer é a acessibilidade. Por exemplo, o mercado imobiliário deve pensar moradias para idosos, com rampas, elevadores, calçadas rebaixadas, pisos antiderrapantes etc.
Segundo o levantamento, quatro são as políticas mais importantes para a população idosa: renda para compensar a perda da capacidade de garantir seu sustento por meio do trabalho– previdência e assistência social –, saúde, cuidados de longa duração e a criação de um entorno favorável – habitação, infraestrutura, acessibilidade, redução de preconceitos etc.
Do R7