Em Cuba, Dilma vai a encontro de presidentes latino-americanos
Raúl e Dilma durante encontro em 2012. Agora, pauta inclui cooperação de médicos cubanos no Brasil
Além de participar junto aos outros chefes de Estado que formam Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) do segundo encontro do bloco, a presidenta Dilma Rousseff aproveitará a visita a Cuba para inaugurar ao lado do líder cubano, Raúl Castro, a primeira parte da Zona de Desenvolvimento do Porto de Mariel, uma obra financiada com recursos do Brasil.
A presidenta terá amanhã (26) uma reunião de trabalho com Raúl e irá permanecer em Havana até terça-feira para participar da cúpula. A ampliação do porto cubano de Mariel, localizado 45 quilômetros a oeste de Havana, é considerada uma obra emblemática da colaboração entre Cuba e Brasil. O projeto, iniciado em 2010, é executado pela construtora brasileira Odebrecht e conta com um financiamento de US$ 682 milhões do BNDES, sendo a maior parte do investimento total previsto, de US$ 957 milhões.
O porto poderá dotar Cuba de uma moderna porta de saída marítima e permitirá que indústrias brasileiras se instalem na ilha e aproveitem a mão de obra local e incentivos cubanos para produzir e exportar a partir de Cuba, segundo as conversas entre os países.
Na reunião de trabalho com Raúl, Dilma “examinará os principais temas da agenda bilateral e regional”, segundo o comunicado do Ministério das Relações Exteriores. Entre eles destaca-se o acordo que permitiu a chegada ao Brasil de 5.400 médicos cubanos para trabalhar em áreas isoladas e pobres dentro do programa “Mais médicos”. O objetivo é contratar no total 12.996 médicos até março e enviá-los a municípios sem atendimento de saúde, para dar assistência a 22,7 milhões de pessoas.
Dilma e Castro também falarão sobre comércio bilateral, que, segundo dados oficiais brasileiros, saltou de US$ 91,99 milhões em 2003 para US$ 624,79 milhões em 2013. Os principais produtos que o Brasil exporta para Cuba são óleo de soja, arroz e milho.
Segundo porta-vozes da presidência brasileira, a visita de Dilma a Cuba inclui encontros privados, e não se descarta a possibilidade de ela conversar pessoalmente com o líder Fidel Castro.
Criada oficialmente em 2011, a comunidade visa ao diálogo político e à cooperação de todos os 33 países da América Latina e do Caribe. Esta é a segunda cúpula do órgão e vai tratar de temas como a luta contra a fome, a pobreza e as desigualdades na região. O Chile foi a sede do primeiro encontro da Celac no ano passado.
No dia 9 de janeiro, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que vai propor o ingresso na Celac de Porto Rico, território associado aos Estados Unidos. A agenda do evento tem programação durante todo o dia 28, incluindo fotografia oficial dos chefes de Estado no Palácio da Revolução. Durante a cúpula, a presidência pro tempore da organização será repassada por Cuba à Costa Rica.
A 2ª Cúpula deve receber ainda o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza. É a primeira vez que uma autoridade dessa entidade visita Cuba depois de sua expulsão do organismo em 1962. Apesar da expectativa sobre a presença de Insulza, os representantes cubanos reiteraram que não há nenhuma possibilidade de que o país volte a integrar a OEA.
Da Rede Brasil Atual