Em dia de protesto contra falta d´água, Alckmin insiste em negar racionamento
Após concentração no Largo da Batata, manifestação saiu pelas ruas de Pinheiros até sede da Sabesp
´A mídia tenta ocultar, o governo finge que nada acontece, mas a verdade é que São Paulo vive uma grave crise de desabastecimento de água´, afirmam organizadores do protesto ´Alckmin, cadê a água?´
Na tarde do último sábado (1), manifestantes reuniram-se às 15h, no Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, para protestar contra a falta de água na cidade. Questionando o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o ato “Cadê a água?” foi organizado pelas redes sociais. Eles reclamavam da falta de investimentos do governo estadual e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
Na página do evento, os organizadores já adiantavam o teor do protesto: “A mídia tenta ocultar, o governo finge que nada acontece, mas a verdade é que São Paulo vive uma grave crise de desabastecimento de água. Em diversas cidades, a população já sofre com racionamentos que deixam as torneiras secas durante dias. Em Itu, o povo já se revoltou e está colocando a cidade de cabeça para baixo diante do descaso do governo estadual”.
Às 16h, o grupo de jovens, sindicalistas e militantes do Juntos!, Psol, Território Livre e Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre (Anel) saiu em passeata pelas ruas de Pinheiros e seguiu até a sede da Sabesp, no mesmo bairro, onde o protesto foi encerrado por volta das 17h30. Eles portavam faixas e cartazes, como “Alckmin acabou com a água e com a nossa paciência”.
“É um absurdo tudo o que está acontecendo com a água da cidade”, disse ao UOL uma funcionária da Sabesp que não quis se identificar. Ela criticou ato contra a presidenta Dilma Rousseff realizado também nesta tarde na Avenida Paulista, onde manifestantes pediram o fim do PT, a volta dos militares e fizeram ataques a referências comunistas. “A manifestação da Paulista é contra a democracia”, disse a funcionária. O cantor Lobão e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do também deputado Jair Bolsonaro, estavam entre os manifestantes da Paulista.
O sociólogo Thiago Aguiar, de 25 anos, um dos integrantes do ato contra o governo Alckmin, disse ao UOL que foi a primeira manifestação unificada na cidade de São Paulo sobre a questão da falta de água e prometeu: “Vamos inaugurar uma jornada de manifestações para questionar o governo do estado sobre a real dimensão da crise da água, porque nós temos visto vários bairros que estão tendo sucessivos cortes sem que a Sabesp informe. Está acontecendo uma campanha de desinformação da Sabesp”, afirmou.
Alckmin ainda nega racionamento
Apesar de toda a dificuldade relatada por moradores de diversas regiões da região metropolitana, Alckmin voltou a afirmar na manhã de hoje que não há nenhuma expectativa de racionamento de água em São Paulo: “Até porque seria um erro do ponto de vista técnico”, disse em evento de entrega de casas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) , na zona leste.
O governador insiste que diversas medidas foram adotadas para garantir “da melhor forma” o abastecimento no estado, como a adição em outubro de um metro cúbico por segundo proveniente do sistema Guarapiranga, que vai reduzir a demanda do sistema Cantareira de 19 para 18 metros cúbicos por segundo.
Alckmin lembrou que encaminhou à presidenta Dilma propostas para otimizar o abastecimento de água em São Paulo. “Temos uma expectativa positiva”, afirmou, acrescentando que o estado tem “inúmeros” projetos com o governo federal. “Estamos falando de questões que envolvem três estados: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. É perfeitamente possível compatibilizar e garantir o abastecimento dos três”, destacou Alckmin.
Dados da Sabesp revelam que o nível de armazenamento de água do Sistema Cantareira caiu hoje de 12,4% para 12,2%. No Alto Tietê, o nível passou de 6,6% para 6,5%, enquanto no Guarapiranga reduziu de 39,6% para 39,2%. No Sistema Alto Cotia, o nível, que ontem era de 30,1%, chegou hoje a 30,2%. Rio Grande e Rio Claro registraram, respectivamente, quedas de 69,1% para 68,8% e 43,5% para 43%.
Da Rede Brasil Com informações de O Estado de S.Paulo e UOL Notícias