Em Madri, Comitê da IndustriALL analisa acordos marco globais das transnacionais e denuncia práticas antissindicais
Grupo também ajuda a manter o direito à negociação coletiva e contribui na resolução de conflitos
Entre os dias 15 e 17 deste mês, os integrantes do GMC (Grupo de transnacionais do IndustriaALL) se reuniram em Madri, capital da Espanha, para revisar, avaliar, desenvolver e promover os acordos marco globais nas empresas transnacionais.
Segundo o secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT e CSE na Mercedes, Maicon Michel Vasconcelos, presente no encontro, a ideia do grupo é não só revisar todos esses acordos, mas também atualizá-los. “Alguns já foram assinados há mais de 10 anos e o mundo do trabalho é dinâmico, é preciso desenvolver estratégias para que as empresas cumpram esses acordos a nível mundial”.
“Esse grupo também ajuda a manter o direito à negociação coletiva, contribui na resolução de conflitos e também denuncia empresas que não cumprem o acordo”, completou.
Atualmente, 48 transnacionais têm acordos firmados pela IndustriALL, entre elas Mercedes, Volks e Thyssenkrupp. “Somos responsáveis pela criação de novos acordos marcos globais, como por exemplo com a TKE, empresa de elevadores. Estamos justamente num processo de negociar um novo acordo para essa empresa”.
Impactos ambientais
O dirigente detalhou que durante o encontro em Madri foi tratada a questão das transnacionais de energia. “Discutimos a melhor forma de atuar com essas empresas, visto os impactos ambientais que estamos vendo justamente por uma ação predatória das transnacionais com relação ao meio ambiente. É importante estabelecer regras e limites, por exemplo, um tipo de industrialização sustentável e que não agrida o meio ambiente”.
Práticas antissindicais
Outro ponto discutido foram as empresas automotivas, entre elas a Giga, grupo Tesla, do empresário Elon Musk, localizada na Alemanha. “A Giga pratica com uma ferocidade tremenda ações antissindicais. Os trabalhadores e trabalhadoras precisam dar expediente de até 12 horas, são obrigados a fazer hora extra, e caso não aceitem, são sumariamente demitidos. Para proibir a greve, a direção apela para a violência física. Trata-se de uma ação retrógrada praticada por uma empresa que se propõe ser inovadora no campo da eletrificação automotiva”, avaliou Maicon.
O dirigente reforçou que tal situação não ocorre só na Alemanha, mas também na Suécia. “Identificamos o descumprindo constantemente acordos coletivos e leis nacionais que garantem a negociação coletiva, limite de jornada de trabalho, e liberdade sindical”.
Outra empresa, segundo o dirigente, que está sendo alvo de investigação por práticas antissindicais é Mercedes-Benz em Vance, no Alabama, nos Estados Unidos. “Para se ter uma ideia, o CEO foi afastado, tamanha a gravidade das denúncia e ações antissindicais praticadas, investigadas pelos governos alemão e estadunidense. A Mercedes é uma dessas empresas que assina o acordo marco global. Se aceitarmos essas práticas nos países centrais do capitalismo, imaginem o que eles podem querer praticar no resto do mundo, na América Latina, por exemplo”.
“É muito importante que tenhamos mecanismos não só de denúncia, mas de controle e ações efetivas de sanções e punição no caso de descumprimento desses acordos marco globais para não acontecer o que aconteceu agora na Mercedes nos EUA. Os trabalhadores e trabalhadoras não podem aceitar que uma empresa deliberadamente haja contra o acordo que ela mesma firmou garantindo liberdade de organização dos trabalhadores sem que haja uma mobilização internacional”, defendeu.