Em meio à alta dos combustíveis, governo tenta privatizar a Petrobras

Metalúrgicos participam do lançamento do Comitê de Luta dos petroleiros na Refinaria de Capuava e alertam para defesa da estatal

Foto: Adonis Guerra

O trabalhador brasileiro já perdeu as contas de quantas vezes o combustível aumentou desde 2019. Boa parte dos motoristas talvez nem lembre quando foi a última vez que encheu o tanque. Na sexta-feira passada, 17, foi anunciado mais um reajuste nas refinarias, sendo 5,18% na gasolina e 14,26% no diesel. 

Para refrescar a memória, de acordo com o Dieese, o preço do diesel nas refinarias já subiu 203% durante o governo Bolsonaro. De janeiro de 2019 até agora, a gasolina acumula alta de 169,1%, e o gás de cozinha, de 119,1%.

Comparativo

Apenas como comparativo, na gestão Dilma Rousseff, o litro da gasolina comum atingiu seu pico em março de 2016, custando R$ 3,73, em média, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O problema não é a Petrobras

Em meio a esse descontrole, o governo tenta criminalizar a empresa, quando o correto seria, segundo a oposição, assumir sua responsabilidade e buscar uma alternativa para mudar a política de paridade com os preços internacionais dos combustíveis.

O diretor do Sindipetro-SP (Sindicato dos Petroleiros do Estado de São Paulo), Auzélio Alves, agradeceu a presença dos Metalúrgicos do ABC e de sindicalistas da região no lançamento do Comitê de Luta dos petroleiros na manhã de ontem, na Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, e fez o alerta sobre os ataques que estão sendo feitos.

Foto: Adonis Guerra

“O ataque que o governo está fazendo à Petrobras é para desviar a atenção e passar o projeto que eles querem de emenda das ações, aí a Petrobras ficaria refém do mercado, como fizeram com a Eletrobras”, avaliou.

“Temos que ir para luta, se não fizermos essas movimentações, o governo vai passando a boiada. Temos que evitar que isso ocorra para que o próximo governo não venha a sofrer as consequências da crise de energia generalizada. Se o processo de privatização da Eletrobras não for revertido em breve, nossa energia elétrica vai ficar muito cara”.

Comitê de Luta dos petroleiros

Foto: Adonis Guerra

No lançamento do Comitê de Luta dos petroleiros, o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destacou a importância de defender a estatal.

“A luta dos petroleiros é uma luta do conjunto da classe trabalhadora, porque a Petrobras tem um significado muito importante para o nosso país. O ataque hoje contra a Petrobras é fortíssimo, o governo fica o todo tempo tentando culpar a Petrobras, jogando a sociedade contra porque eles querem privatizar a empresa”.

“Temos que ter claro que o aumento do preço dos combustíveis interfere na vida de todos os trabalhadores. Sabemos que o aumento é por conta da política de preços que remunera os acionistas. O governo não está preocupado com o preço do botijão de gás, da gasolina, do diesel. O Brasil tem um grave problema econômico, mas sobretudo, político”, completou o presidente. 

Na contramão do mundo

O diretor executivo do Sindicato e presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que o Brasil segue na contramão da discussão mundial. 

“O debate no mundo hoje, olhando para desenvolvimento econômico e humano, está focado em torno de três eixos principais, além da soberania nacional, que tem a ver com segurança nacional: segurança alimentar, energética e sanitária. O Brasil está na contramão dessa discussão, enquanto outros países estão se estruturando, aqui há cada dia mais pessoas passando fome, indústria e saúde desestruturadas e na questão energética o desmonte da Eletrobras.”