Em resposta a autopeças, Volks diz que há interesse na indústria nacional

Fornecedoras não aceitaram críticas sobre qualidade feitas pela fabricante. Marca alemã afirmou que negocia com empresas europeias e asiáticas.

Após o posicionamento do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) sobre as críticas feitas pela Volkswagen à qualidade dos produtos das autopeças no Brasil, a fabricante de veículos emitiu nota à imprensa nesta terça-feira (29). A Volks afirmou que tem muito interesse no desenvolvimento na indústria automobilística nacional, mas que não é responsável pelas condições competitivas do mercado.

Na ocasião anterior, no último dia 17, a marca alemã havia dito que negocia a substituição de alguns fornecedores por empresas europeias e asiáticas que têm interesse em se instalar no país. Em resposta à declaração da Volkswagen, o Sindipeças disse ontem (28) que a montadora “aponta os canhões para o alvo errado” e enumerou dez itens em defesa do setor, entre eles, os altos custos de logística, impostos, legislação trabalhista engessada e pesada burocracia “que afetam toda a indústria nacional, seja ela de capital brasileiro ou estrangeiro”.

A montadora, rebate, na nota, que “não é a Volkswagen do Brasil que estabelece as condições competitivas da indústria automobilística. É o próprio mercado que determina os padrões necessários para oferecer as melhores condições aos consumidores. De sua parte, a Volkswagen tem todo o interesse no desenvolvimento de um parque automotivo forte e competitivo no Brasil. A empresa permanece aberta para encontrar as melhores soluções para o fortalecimento do setor automotivo nacional”.

Setor prevê déficit de US$ 3,6 bi
O primeiro embate entre montadoras e autopeças em 2010, ano que promete ser recorde de veículos com 3,4 milhões de unidades comercializadas, foi a retirada gradual de um desconto de 40% sobre a alíquota de importação de componentes que beneficiava montadoras e grandes fornecedores há dez anos.

Desde 2007, a produção brasileira de autopeças registra importações superiores às exportações, desequilíbrio considerado grave pelas empresas do setor. Para este ano, a previsão do Sindipeças é de déficit de, pelo menos, US$ 3,6 bilhões. O presidente da entidade, Paulo Butori, acredita que o quadro seja ainda pior e chegue a superar US$ 4 bilhões. Os culpados, segundo ele, são o real valorizado e a crise. Juntos, esses dois fatores tornam o Brasil um mercado atraente para os fornecedores estrangeiros de autopeças.

Do Auto Esporte