Em uma década, número de jovens empregados cresce
Embora ainda seja mais difícil para os jovens encontrar uma vaga, principalmente quando são inexperientes, a taxa de desemprego da faixa de 16 a 24 anos recua ano a ano e de modo intenso.
Em 2003, por exemplo, era de 25%. Em 2012, ficou em 13,3%. Uma queda de mais de dez pontos percentuais.
Ainda assim, o desemprego dos mais jovens supera o da média dos brasileiros.
Neste ano (janeiro a setembro), o índice dos mais jovens ficou em 14,3%, enquanto a taxa média foi 5,6%.
Mas esse diferencial entre a média e a taxa dos mais jovens se estreitou. Era de 13 pontos em 2003. Passou para 7,8 pontos em 2012.
Neste ano, no qual a geração de vagas desacelerou, a distância subiu um pouco e ficou em 8,7 pontos. Segundo dados do IBGE compilados pela reportagem, a diferença tende a crescer -ou seja, a dificuldade relativa dos jovens fica mais evidente- em anos de crise, como 2009.
Para Cimar Azeredo, coordenador do IBGE, dois movimentos ocorreram simultaneamente: empresas empregaram mais jovens ao mesmo tempo em que eles também adiaram o primeiro emprego.
Com a economia aquecida nos últimos anos, as empresas tiveram de recrutar a mão de obra que estava mais disponível e a um custo menor -ou seja, principalmente jovens e mulheres.
Paralelamente, diz o pesquisador, o aumento do rendimento das famílias permitiu que jovens estudassem mais e postergassem a procura pelo primeiro emprego ou o retorno ao mercado.
“O mercado de trabalho se abriu para os mais jovens, mas, ao menos tempo, uma parcela também migrou para a inatividade. Esse grupo aproveitou para estudar, se qualificar e procurar um emprego numa situação melhor”, afirma.
Segundo Azeredo, o menor diferencial entre a taxa média de desemprego e a do grupo de 16 a 24 anos mostra um mercado de trabalho mais disposto a contratar pessoas nessa faixa etária.
Para Gabriel Ulyssea, pesquisador do Ipea especializado em emprego e renda, o crescimento mais elevado da economia na década passada levou a uma “mudança de composição” da força de trabalho, que se tornou mais escolarizada.
Márcio Salvato, economista do Ibmec, diz que a maior escolaridade alterou o mercado de trabalho e gerou ganhos para a economia como um todo. É que ingressaram na força de trabalho jovens com mais anos de estudo e, por isso, mais produtivos.
Esse grupo, diz, beneficiou-se do avanço da educação do país e da quase universalização do acesso à escola básica conquistada no fim dos anos 90.
Da Folha de São Paulo