Emergentes querem revisão em plano de bônus do FMI, diz Mantega
O FMI está trabalhando em um plano para emitir bônus a países emergentes que tenham se oferecido para capitalizar a instituição, mas a proposta preliminar apresentada "ainda não satisfaz nossas demandas", disse Mantega
O Brasil e outras economias emergentes estão dispostas a prover recursos adicionais ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas ainda não estão contentes com o mecanismo de capitalização proposto pela instituição, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quinta-feira (23).
O FMI está trabalhando em um plano para emitir bônus a países emergentes que tenham se oferecido para capitalizar a instituição, mas a proposta preliminar apresentada “ainda não satisfaz nossas demandas”, disse Mantega a jornalistas em Washington, onde participa das reuniões do FMI e do Banco Mundial.
“Nós ainda temos que aprimorar esse instrumento”, declarou Mantega, acrescentando que países emergentes como Brasil e China não irão fazer novos aportes no fundo enquanto o mecanismo não estiver pronto.
O ministro reforçou que o Brasil seguirá com a sua intenção de contribuir com até US$ 4,5 bilhões para se tornar um membro do plano de transação financeira do fundo, ou o mecanismo pelo qual o FMI financia suas operações de empréstimo.
Mas a promessa adicional de US$ 10 bilhões feita pelo país durante um encontro do G20 no início deste mês dependerá da definição de tal mecanismo.
O G20 concordou em aumentar o poder de fogo do FMI no início deste mês através do chamado novo acordo para empréstimos (ou Nab, na sigla em inglês), uma medida emergencial que permite que países membros concedam crédito ao fundo em caso de crises graves.
Mas Mantega disse que países emergentes não estão felizes com a estrutura do Nab, pois ele refletiria o desequilíbrio do atual poder de voto do FMI, dominado por países ricos.
O ministro também pediu que o FMI acelere um plano de emissão de US$ 250 bilhões em saques especiais para países membros, dizendo que tal medida daria liquidez para as nações lutarem contra a grise global.
Apesar de elogiar o FMI pela linha de crédito flexível, que permite que economias emergentes bem administradas possam emprestar dinheiro sem condicionalidades, Mantega foi crítico em relação à avaliação do fundo sobre as atuais condições econômicas.
De acordo com o ministro, a economia brasileira registrará expansão este ano, e não contrairá 1,3% como previsto pelo fundo. “A economia brasileira já está em vias de recuperação da forte redução de atividade que teve no final do ano passado”, ele disse. “Estamos mais próximos das condições econômicas da China e da Índia do que (das condições) de Estados Unidos ou Alemanha”.
Críticas
Mantega também rebateu comentários recentes do diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que disse a jornais latino-americanos que os bancos na região poderiam eventualmente apresentar ativos tóxicos se a crise econômica persistir.
“Os bancos brasileiros estão sólidos”, disse ele, acrescentando que comentários como este podem afetar a confiança dos investidores.
“Se você não esclarecer isso rapidamente, nós podemos imaginar que ele tem informações que outros não têm. Agora ele não tem mais informações do que eu tenho. Eu conheço profundamente os bancos brasileiros, todos eles, e posso garantir que eles estão totalmente sólidos”.
Da Reuters