Emprego após os 40 sinaliza retomada em indústria e serviços
Falta de mão de obra com qualificação técnica no mercado faz empresas mirarem em profissionais mais experientes
A árdua tarefa de conseguir emprego após os 40 anos poderá ser mais tênue diante da retomada econômica. Especialistas em Recursos Humanos apontam que as empresas miram profissionais experientes, devido à falta de mão de obra qualificada. Contudo, o embate com a força jovem à disposição das indústrias segue, principalmente na área operacional.
O diretor-geral do portal de empregos Trabalhando.com.br, Renato Grinberg, estima que um profissional experiente leve de três a oito meses para conseguir recolocação no mercado de trabalho, enquanto os novatos podem demorar até metade do tempo.
“O jovem consegue mais rápido, pois ele geralmente ganha menos, enquanto os mais maduros não aceitam qualquer oferta”, pondera Grinberg. Para o executivo, indústria e serviços vão oferecer novas oportunidades àqueles com mais de 40 anos.
Esse é o anseio de Claudinei Ferreira Maia, 45 anos, que está desempregado há um ano e dois meses. O metalúrgico acumula experiência de 27 anos em três empresas do setor, mas depois de oito entrevistas ainda não conseguiu emprego com carteira assinada.
“Trabalhava como encarregado do período noturno, mas no auge da crise a empresa eliminou este turno. A queda nos pedidos da indústria de caminhões era forte”, relata. Maia crê que a idade pesa nesse caso, pois mesmo quando a vaga é voltada para pessoas com mais experiência ele não é chamado.
Nesse período em que está parado o metalúrgico fez trabalho temporário com portões automáticos, que não durou muito. Agora, ele analisa até trocar de área, mas não tem conhecimento suficiente de outros setores.
O diretor da Trabalhando.com.br avalia que mesmo quando parados os profissionais devem investir na qualificação profissional para ter ciência das novidades do mercado.
Uma ferramenta importante para conseguir emprego é a rede de relacionamento (veja quadro ao lado). “Estimativa mundial aponta que 80% das vagas são preenchidas via networking. Manter sua rede de contatos ativa enquanto trabalha é bem mais fácil”, lembra Grinberg.
Motivação – Deixar o pijama de lado e procurar emprego com a mesma dedicação da época em que trabalhava aumenta as chances de conseguir recolocação em tempo menor. Chegar às entrevistas no horário marcado e fazer contatos são tarefas importantes nesse momento.
O diretor da empresa de Recursos Humanos Foco RH, Gilberto Sobrinho, afirma que durante a seleção o entrevistado não deve se menosprezar por ter mais de 40 anos, mas destacar suas experiências e contribuições para as empresas anteriores. “Saber vender suas qualidades na entrevista é um dos passos para conquistar a vaga”, finaliza o especialista.
Copa e Olimpíadas vão demandar mão de obra
Na avaliação do diretor da empresa de Recursos Humanos Foco RH, Gilberto Sobrinho, a falta de mão de obra qualificada pode ser uma barreira no crescimento do País.
A perspectiva é de que muitos profissionais com idade superior a 40 anos e aposentados deverão voltar ao mercado, principalmente os engenheiros.
“Acredito que a idade não é o fator preponderante para contratação, mas a experiência que a pessoa acumula na carreira profissional”, diz. Para Sobrinho, o ritmo de contratações está acelerado nos últimos quatro meses.
Ele acrescenta que o setor de infraestrurura desponta como celeiro de vagas, com alta demanda de profissionais de nível médio. Eventos como a Copa do Mundo e Olimpíadas vão necessitar de muitos profissionais para a construção civil.
Levantamento realizado pelo portal de empregos Curriculum.com.br em dezembro mostra que os sêniors têm mais oportunidades na indústria, varejo, bancos e empresas de auditoria e gestão.
Segundo o site, no ano passado, mais de 167 mil candidatos com esse perfil tiveram seu currículo visualizado pelas empresas, sendo que 183 mil estavam empregados.
Mesmo com tantas pessoas experientes fora do mercado, os desempregados nessa faixa etária representam cerca de 15%. A proporção entre os mais jovens é praticamente o dobro, afirma o diretor-geral do site Trabalhando.com.br, Renato Grinberg. Ele comenta que muitos novatos têm deficiência de qualificação na área técnica.
Da redação com Diário do Grande ABC